“TARAUACÁ ESTÁ NA MINHA ESSÊNCIA. EU ESTOU NA ESSÊNCIA DE TARAUACÁ”.
By: JAMISSON NERI
Para
comemorar seu aniversario o amigo Jamisson Neri descreveu em sua página pessoal do Facebook como foi sua infância
no bairro da Praia (Tarauacá), os amigos que fizera ao longo de sua vida, e nos fez refletir do quanto fomos felizes nesta
fase de crianças e adolescentes. Um relato comovente e cheio de detalhes que para que viveu, foi inevitável não derramar uma lágrima: Veja:
"Fim do 1º
tempo. Meus 45 anos de boy. "That’s over baby". Eu mesmo explico... Sou
tarauacaense. Nasci lá na rua Manoel Lourenço, no bairro da Praia. Ali, naquela
rua de chão batido, adornada, aqui e acolá, com touceiras de capim, rodeadas
por bostas dos bois que ruminavam demoradamente, mastigando pra lá e pra cá,
sob o olhar atento de seus donos, eu passei a minha infância e parte da
adolescência. (Lembra do Seu Mário e da Dona Celina)
Após o
término das aulas na escola Omar Sabino de Paula e mais tarde no João Ribeiro,
todos os garotos daquela geração se reuniam na rua Manoel Lourenço para
brincar. De dia, sob a luz do sol; de noite, sob a luz elétrica, gerada a
lenha, que durava até às 22h, e daí continuávamos, às vezes, até mais tarde sob
a luz da lua. Foi nesse cenário, num bairro simples e tranquilo, na periferia
de Tarauacá, que eu, Josman (irmão), Véi do Daniel, João Maciel, Birrom, Léo,
Dão, Kbym, Cairara, Chiquim Buxudo, Dentin (In Memoriam), Cangati (In Memoriam), Cuxiá, Novim, Oroca, Pide (Elpidio), Tabeli, Tijibu, Tucuxi, Nilson
Gago, Gricelio, Railton, Railson e Ronaldo da Dona Panca, Laildo, Dé, Nena
irmao do Zé do Gomes, Batikim, Jiricol, Ueliton do Seu João Bode, Jean do
Peixoto, Buriti, De Brito, Valdor de Brito, Acari, Tabeli, Pau Preto, Zé
Muçuleta, Zé Puruca, Sansão, Cuca, Keku, Doril, Príncipe, Reco, Carlin do
Buliado, Rabib, Nildo do Manga (In emorian), Nena do Manga, Correinha, André
Bocão, Jarbas, Rui Pescocin, Jânio, Tétei, Derlandio, Liu, Evaristo, Everaldo,
Ed do Seu Gilau, Totinha, Aristeu, e tantos outros os quais não lembro neste
momento, passamos os momentos mais felizes, juntos, de nossas vidas, uns na
infância, outros na adolescência, e outros mais adiante, na juventude.
As brincadeiras eram tantas: barra do rouba, bola de gude
(peteca), soltar pipa, jogar tampa, jogar pilha, carro de rolimã, colecionar
carteiras de cigarros, jogar figurinhas, brincar de carrinho, bang bang cujas
as armas eram feitas de madeira, brincar da pira por entre as toras de madeiras
ou as pélas de borracha encostadas na beira do rio, tomar banho na igarapé da
ponte em frente à casa da Dona Quita, aproveitar o período de alagação do rio
para tomar banho e andar de casco, jogar bola no campo da Eulina, jogar vôlei
em frente à casa onde eu morava, se divertindo com os gritos do saudoso tio
Daniel e as cuiadas do meu pai Zé Neri, ouvindo atentamente as mentiras
mirabolantes do saudoso Zé Lopes, participando dos arraiais da Dona Preta do
Seu Zé Pinto (in memoriam dos 2), do Bumba meu Boi organizado pela Dona
Francisca Gastón juntamente com o Chiquin Caboco, e tantas outras coisas que
fazíamos para nos divertir. Jogar bola na rua era a brincadeira preferida dos
garotos do meu top na infância. Mas 4 homens eram o terror para nossas
brincadeira: Seu Baldo, Chiquim Resende, Antonio Tabaco e o Zé Magro, todos
comissários de menor na época, e que se visse as crianças jogando bola no meio
da rua, eles faziam de tudo pra tomar a bola, deixando todos nós em pânico.
Quando nós os avistávamos, a correria era grande, pulando cercas e quintais,
para não sermos pegos. Eles passavam e continuávamos a jogar a nossa bola. A
infância seguia esse ritmo...
A transição
para adolescência foi marcada pela fase da vontade de namorar, desejo de “tirar
a seca”, de ir às festas no Astral, Havaí, Stillus, Chega Mais, Clube do Manel
Macaxeira (Juruá Clube) e no Clube do Tinha (The King’s), e aquelas idas inopinadas
no Cisne Bar, Kuxixo’s, Café Express etc...
Aos 16 anos,
decidi partir de Tarauacá em busca uma formação secundária e universitária, e
por essa razão me divorciei da minha querida terra natal, embora eu não consiga
esquecê-la. Tarauacá está na minha essência. Eu estou na essência de Tarauacá.
No dia em
que eu decidi sair de casa, meu pai me disse "filho não vá".
Contrariando-o, me lancei no desafio de romper e vencer muitos obstáculos na
vida. Vim, venci e conquistei. Andei por caminhos desconhecidos, mas sempre fui
cauteloso nos meus passos. Os caminhos que percorri e os desafios que enfrentei
me ensinaram uma grande lição: minha doutrina de vida é que a força que me
impele no caminho do sucesso e da realização é a força dos valores espirituais:
a fé, a coragem, a retidão, a lealdade e a perseverança. Guio-me por esses
valores com firmeza e convicção.
Hoje,
acordar com 45 anos, a vida me faz veterano. Não é muito e nem o bastante, mas
o suficiente para saber que só envelhece quem vive muitos anos. Sei que não vim
para ficar, mas peço a Deus que multiplique as noites que me fizeram repousar,
e as manhãs que até hoje foram possíveis eu acordar. Agradeço a Deus por ter-me
dado a vida por intermédio dos meus pais, e a eles por terem feito o esforço
possível para mim educar, e mostrado os bons caminhos para que hoje eu tenha
esta idade. Chegar aos 45 anos, fim do 1º tempo, pode não fazer de mim um
herói, mas me dá o direito de me considerar um campeão. Aprendi que com a
simplicidade e a humildade podemos conservar sadio os nossos corações. 45 anos
não é nada demais, mas vou fazer uma pausa, e viver com mais segurança, para
que no próximo ano eu fale de mim um pouco mais". Descreveu.
Por: Copyright© 2019 @Kbym
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