sexta-feira, 26 de abril de 2024

RIO BRANCO: ANOS DE 1950, 60 E 70:

NOSSA ANTIGA CIDADE DE RIO BRANCO,
PACATA E INESQUECÍVEL NOS ANOS DE 1950, 60 E 70.
De Gilberto A. Saavedra.


Fotos/Texto: Gilberto A. Saavedra

Para quem conhecera Rio Branco no passado,
porém, reside fora do Acre há muito tempo,
mas hoje, faz uma visita à hospitaleira cidade, capital do Acre,
deve notar uma diferença muito grande,
comparada com à cidade dos anos de 1950 até aos de 1970.

Sua população de 70.000 mil pessoas, já na década do ano de 1970), deixava-a quase que, se conhecendo toda,
quando, não, pessoalmente, mas de vista, sim.

Era ainda uma cidade muito pequena e calma,
na qual se dava um bom dia,
quando as pessoas se cruzavam entre si.

Onde todos nos bairros conheciam-se e,
com essa interação, a maioria se tornava amiga.

Essas amizades, geralmente, entre os pais, e às vezes também com os filhos.
E assim, ela se movimentava em sua rotina diária
pelos quatro cantos, ou melhor, pelos dois lados.

Há um rio, que banha Rio Branco, o rio Acre, dividindo-a em dois lados chamados de ‘Distritos’.
A travessia era realizada pelas catraias (barcos), que serviam de transportes públicos da população entre os dois lados.
..
A cidade era bem tranquila, e qualquer notícia boa ou ruim logo se sabia.
Ainda não existia Televisão na capital;

A rádio Difusora Acreana (1944), Novo Andirá (com início em 1966) e o Jornal ‘O Acre’ (de tiragem semanal), eram os meios de comunicação mais importantes da época que, informavam os acontecimentos.

Crimes diários não tinham.

Havia um receio mesmo, era de assombrações à noite,
pelas vazias e silenciosas ruas rio-branquenses.

Falava-se em ‘Mula de padre”, Lobisomem e fantasmas (almas do outro mundo).

Nesse tempo tinha um moço chamado ‘Pega unha’
que apavorava qualquer mocinha.
Mas, já tinha cumprido sentença de reclusão
pelo que tivera praticado, e já era aceito pela sociedade como um bom cidadão.

Os que ainda estão neste mundo (graças a Deus),
e conviveram naquele então período (1950/60/70),
se recordarão dos mais antigos locutores
nos microfones das estações:

Rádio Difusora Acreana (emissora pública do estado) e rádio Novo Andirá:

Garibaldi Brasil, Alfredo Mubarac, Sérgio Brasil, Diomedes Andrade, Jacira Abdon, Índio do Brasil, Orsetti do Vale, Natal de Brito,
Laurentino Pinheiro, Cícero Moreira, Mota de Oliveira, Altemir Passos, Vilma Nolasco, Rivaldo Guimarães, José S. Lopes, Etevaldo Gouveia,

Anselmo Sobrinho, Teodomiro Souto (Teó), Chico Pop, João Filho, Gilberto A. Saavedra, Sérgio Quintanilha, Zezinho Melo,
Jorge Cardoso, José Valentim Santos, Agnaldo Martins, Agnaldo Guilherme, Edson Soares, Adalberto Dourado, Raimundo Nonato (Pepino),

José Simplício, J. Almeida, Juvenal, Elizeu Andrade, Ulisses Modesto, J. Conde, João Lopes, J. Xavantes, Campos Pereira, Marinete Távora,
Nivaldo Paiva, H. Conde, Rita Batista, Nilda Dantas, Estevão Bimbi, Paulo Farias, Marte Rocha, William Modesto, Delmiro Xavier, Mauro
D’Avila Modesto, Joaquim Ferreira, Alicio Santos, Luís Rodomilson, Eduardo Mansour e Gerardo Madeira.

Muita gente,
ainda, não possuía um rádio transmissor em casa; se deslocava à noite para à frente do Palácio Rio Branco,
sede do governo estadual, onde estava instalado
um serviço de alto falantes na antiga Secretaria de Agricultura (um prédio verde construído em madeira de lei).

Ali as pessoas escutavam, principalmente, as mensagens
e o Noticiário Oficial do governo,
nas vozes (no tempo de cada locutor): Alfredo Mubarac, Índio do Brasil, Natal de Brito (ou Laurentino Pinheiro), Altemir Passos, Anselmo Sobrinho, etc...
Mesmo sendo uma cidade pequena o seu abastecimento era precário.

Muitas e muitas vezes era preciso se antecipar na hora do mercado, se quisesse adquirir um produto alimentício, principalmente, no final de semana.

Tudo acabava logo; tinha que se levantar cedo da cama
(na madrugada) senão não levava nada para casa.

Fui muitas idas e vindas com o meu pai e às vezes também com minha mãe. Adorava ir.

Sempre saboreava o famoso mingau de banana comprida (da terra) ou, o gostoso Mungunzá (para nós – Muncunzá), Pé de Moleque, Tapioca, Beiju, Pamonha, Cuscuz, Saltenha, Açaí, Tacacá, etc.

Quando faltava o pão na cidade, tinha também que se levantar muito cedo, e deslocar-se para às padarias que estivessem produzindo o pão.

Nessa época, tínhamos diversas padarias:
Dos Lameira na Base; Privoste (Fialho) no Centro; Laureano na Avenida Getúlio Vargas (pai do saudoso amigo Francisco, nosso querido pranchão); Senhor Jesus, na Cerâmica; Zé da Horta e Espanhol no Bosque, etc.

O pão era delicioso. Acho que não tinha essa química de hoje.
Nessa época de escassez da farinha do trigo,
cada pessoa que comparecia à padaria,
não podia comprar mais de dois pães (eram enormes).

Lá em casa, quando faltava o pão na cidade,
se alimentava pela manhã com cuscuz (pão de milho); aipim (macaxeira); abóbora (jerimum) ou uma farofa de carne seca (nossa conhecidíssima e gostosa jabá).

O quintal de casa era bem grande,
meu pai (e eu), plantávamos tudo que podíamos colher: milho, macaxeira, além de mangueira (cinco); coqueiro (dois); graviola; fruta de Conde (Ata) e abacate.

Quando o meu pai colhia todo o milho,
logo, plantava o aipim.
Minha ex-cunhada, amiga e saudosa Professora Terezinha Saavedra, era uma especialista no preparo de cuscuz, bolinho de macaxeira (aipim) e farinha de milho.
Tenho muita saudade desse tempo difícil, porém gostoso e inesquecível.
Divertimento público para à criançada,
lembro-me do cine Biriba, no bairro do Papoco
(com o nosso saudoso José Lopes), mais tarde Radialista e Advogado.

Era ele que comandava o espetáculo para toda à gurizada feliz.
São muitos os filmes que ainda guardo em minha memória desse cine.

Nunca me esqueci dos seus fortes ventiladores de pés,
que produziam um barulho ensurdecedor
(quando se ficava próximo deles), e o amigo e saudoso José Lopes sempre dando um jeito neles para um bom funcionamento.

Matinés no cine Rio Branco, também eram proveitosas.
Os famosos seriados de capa e espada do Rei Arthur,
sempre encerravam cada capítulo numa cena emocionante.

O público mirim gritava de alegria.
Do outro lado da cidade (no segundo distrito),
o cine Recreio, não ficava por baixo.
Também tinha um bom circuito de filmes.

Nunca me esqueci de um filme nacional
chamado de “Arara Vermelha”.
Um filme de Tom Payne com Odete Lara, Milton Ribeiro e Anselmo Duarte (o galã da Atlântida).

Foi um bom filme rodado na região do Araguaia,
sobre o descobrimento de um diamante azul e vermelho.
Foi um tempo inesquecível, que jamais voltará.

Os bailes eram famosos: no relembrável clube do Rio Branco
e sua tradicional sociedade Rio-branquense; na Tentamen, mais associativa e, na SBORBA, o povão.

Tínhamos ainda o clube do Vasco e mais recente, o Juventus,
clube da juventude, além, de um clube recreativo militar, pertencente à antiga 4ª Cia de Fronteiras do Exército.

Os Mugs, os Bárbaros davam os shows e, Crescêncio Santana, agitava os bailes carnavalescos.

Na praça, em frente ao palácio do Governo, aos domingos, retreta com banda de música da ex-Guarda Territorial.

O Sargento Horácio, casado com Dona Albertina, comandava o espetáculo musical com dobrados e hinos.

Homenagens aos maestros Holdernes e Raimundo Neves, e aos músicos: Sandoval dos Anjos, Mário do Carmo Pires, Elias Ribeiro Alves, (Sargentos): Cholada, Deca, Souza, Zuza, Adonias, Edmundo,
Cleomendes, Juvenal, Zé Paulo, (Tenentes) Belarmino, Zeca Torres, Vitor, e ao querido Capitão Pedroca (Pedro Vasconcelos Filho), autor da belíssima composição “Canção do Soldado Acreano” (dobrado).
Depois da novena, as moças abraçadas entre si,
desfilavam descendo e subindo à praça
dando um toque especial de elegância da mulher acreana.

No estádio José de Melo, era um show à parte.
Muitos desses antigos e memoráveis craques,
deveriam ter com certeza, uma grande chance
em outras famosas plagas, se o tempo fosse o de hoje.

Quem não se lembra de Pedro Sepetiba, Touca, Boá, Guimarães, Onofre, Orsetti, Zé Cláudio, Bararu, Alicio Santos, Édison Urubu, Irié;

Tião Macaco, Mozarino, Pedro da Burra, Fernando Diógenes, Escurinho, Dudu, Caetano, Zezinho ‘Pestana Branca’, Curitiba;

Pipira, Helinho, Tinoco, Arigó, Cidico, Campos Pereira, Antônio Leó (Leco-Leco), Adalberto Pereira, Kikito, João Carneiro;

Bico-Bico, Nemetala, José Maria, Edson Carneiro, Elísio Mansour, Nostradamus, José Augusto, Klerman, Benevides, Ivo Neves
e o famoso Dadão e muitos craques que deixaram de ser citados.

Piqueniques na Sobral, em sítios, no aviário, etc.
Não há como esquecer esses momentos prazerosos e tranquilos de nossa querida Rio Branco.

Muitas lembranças desse tempo passado.
“SOMENTE SAUDADE”





 











Por: Copyright© 2024 @Flávio Santos

Nenhum comentário: