DEPENDÊNCIA EM INTERNET PODE CAUSAR DEPRESSÃO E TRANSTORNOS, COMO
NOMOFOBIA
Às vezes,
você pode jurar que sente o celular vibrando, e até tocando, no bolso da calça.
Quando olha, não é nada. Se a bateria acaba, chega logo a ansiedade,
acompanhada de irritação, angústia e até a decisão de voltar mais cedo para
casa, só para carregar o aparelho. Pouco antes de dormir, com o smartphone na
mão, o tempo voa. E você nem percebe. Os sintomas podem ser de dependência pela
internet — distúrbio recente, pouco estudado, mas que pode evoluir para
problemas graves, como depressão e ansiedade.
— Qualquer
padrão de compulsão, seja para droga, alimento ou internet, envolve um
neurotransmissor chamado dopamina. Com a falta dele, os sintomas de abstinência
aparecem, até para os dependentes da web. Ele começa a ter agressividade,
agitação, tensão, taquicardia, dor de cabeça, mudança de percepção — explica a
neurologista Vanessa Muller, diretora da clínica VTM Neurodiagnóstico.
Apesar de
atingir pessoas de todas as idades, o vício pela internet costuma acometer os
mais ansiosos e com tendências à depressão. Para a psiquiatra Vivian Machado,
especialista em dependência química, o mundo virtual torna-se uma fuga da
realidade — o problema é que isso pode virar um ciclo e diminuir, ainda mais,
as chances de socialização:
— O uso da
internet passa a distrair o usuário de uma situação difícil da vida real,
tentando compensar baixa autoestima, falta de habilidade social e até
transtornos psiquiátricos — diz a especialista.
Mas nem todo
mundo que passa muito tempo na internet é um viciado no meio. O que caracteriza
o vício não é, necessariamente, a quantidade
de horas, mas o efeito sobre o usuário.
— Tem pessoas que passam várias horas em frente ao computador,
fazendo um curso online, por exemplo, sem ser um dependente. A dependência
digital requer uma perda da capacidade laboral, da socialização ou outro tipo
de prejuízo. A pessoa passa a se sentir mal sem aquele estímulo — explica
Vanessa.
Tratamento pode ser feito com terapia:
Quando o uso
da internet afeta negativamente a vida social ou o rendimento no trabalho, por
exemplo, é hora de buscar ajuda de um profissional. O paciente precisa ser
avaliado por um médico ou psicólogo, para entender quais condições podem estar
por trás do vício — como transtornos compulsivo ou de ansiedade, déficit de
atenção e depressão.
— Precisamos
ter consciência de que, sozinhos, não conseguimos nos controlar. Hoje em dia, a
melhor abordagem para esse tipo de transtorno é através da terapia cognitiva
comportamental, que vai trabalhar na identificação de situações de
vulnerabilidade, das emoções e dos comportamentos envolvidos na dependência —
explica a psicóloga do Hospital Caxias D’Or, Teresa Éder.
A
neurologista Vanessa Muller explica que há casos que precisam de medicação:
—
Geralmente, o tratamento se baseia em ansiolíticos, para diminuir a ansiedade
dos dependentes, e antidepressivos, além das terapias comportamentais. FONTE:
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