O INJUSTIÇADO
Que Abacaxi!
Em uma
grande e conceituada empresa trabalhava o Álvaro. Era um funcionário muito
sério, bastante dedicado e, acima de tudo, cumpridor de suas obrigações. Tinha
já 20 anos de casa e ninguém tinha queixa dele. E, de mais a mais, o Álvaro
também não era de reclamar.
Certo dia,
entretanto, o funcionário, tão exemplar, se sentiu indignado e foi diretamente
ao patrão expor sua questão. Em um tom um tanto áspero, disse:
- Senhor
Luiz, tenho trabalhado todos estes anos em sua empresa, sempre com muita
dedicação, mas agora, sinceramente, eu me sinto injustiçado.
O patrão,
surpreso, tanto com o tom áspero quanto com a declaração de se julgar vítima de
uma injustiça, perguntou:
- O que há,
Álvaro? O que está acontecendo com você? Por que tanta contrariedade?
- É que o
Rodrigo está na empresa há apenas três anos e recebe mais do que eu – respondeu
ele.
O patrão,
percebendo os sentimentos do seu fiel funcionário, levando em conta todos os
anos de dedicação ao emprego, fingiu não entender mudou logo de assunto:
- Foi bom
você ter vindo aqui, Álvaro, pois tenho um problema para você resolver. Estou
querendo incorporar uma sobremesa ao cardápio servido ao nosso pessoal. Aqui na
esquina tem uma barraca de frutas. Vá até lá e verifique se tem abacaxi.
Álvaro saiu
para cumprir sua missão, embora não estivesse compreendendo o porquê da ordem
recebida. Deu cinco minutos e lá veio o homem de volta.
Perguntou-lhe,
então, o patrão:
- E aí,
Álvaro? Fez o que lhe pedi? Verificou se na barraquinha vende abacaxis?
-
Verifiquei, conforme o senhor mandou. Tem abacaxi sim.
- E quanto
custa? - indagou o patrão.
- Isso eu
não perguntei - foi a resposta.
- Existe
outra fruta que eu possa substituir pelo abacaxi, se quiser? - continuou o
patrão.
- Não sei
não senhor - respondeu Álvaro.
- Muito bem,
Álvaro. Sente-se na cadeira, por favor, e me aguarde um pouco - pediu-lhe o
chefe.
Em seguida,
pegou o telefone e mandou que lhe chamassem o Rodrigo, aquele de quem o Álvaro
havia falado.
Quando o
rapaz entrou na sala, o Sr. Luiz contou-lhe a mesma história da sobremesa e
pediu que ele fosse à barraca da esquina verificar se lá eles vendiam abacaxis.
Em oito minutos, Rodrigo estava de volta.
- E então,
Rodrigo? Eles têm abacaxi? - perguntou-lhe o patrão.
- Sim senhor
e em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. E, se o senhor quiser,
eles também têm laranjas e bananas - respondeu prontamente o Rodrigo.
- E o preço?
- quis saber o Sr. Luiz.
- Bom,
o abacaxi sai por R$ 0,90 a unidade; a banana a R$ 0,35 o quilo e a laranja a
R$ 40,00 o cento, já descascada, mas como eu disse que a quantidade era grande,
eles informaram que dariam um desconto de 15%. Caso o senhor resolva comprar
mesmo, eu volto lá e confirmo - disse o rapaz.
O patrão
agradeceu ao Rodrigo, dispensou-o e se voltou para o Álvaro, que estava sentado
na cadeira ao lado e, a essa altura, já tinha aprendido a lição.
Esta
história me faz lembrar da Parábola dos Talentos, quando o patrão voltou pra
prestar contas com os seus empregados. Aquele que apenas guardou com cuidado o
seu talento ouviu o seguinte: "Servo mau e negligente, sabias que ceifo
onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria, portanto, que
entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros
o que é meu. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem
dez. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que
não tem, até o que tem lhe será tirado." (Mateus 25.26-29) FONTE:
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