segunda-feira, 3 de abril de 2023

"LEMBRANÇAS DO RIO TK": (Gilberto S.):

 "MINHAS LEMBRANÇAS DO RIO TARAUACÁ"

(Gilberto Saavedra)

MINHAS LEMBRANÇAS DO RIO TARAUACÁ

(Gilberto Saavedra)

Um olhar extasiado

Num fascinante mundaréu desconhecido

Das lembranças estremecidas

De uma inocência colorida.

Viajei e fantasiei num retorno ao passado

Adentrei ao fundo de minha alma abençoada

E comecei a sonhar no fecundo flúmen

Do rio Tarauacá.

Ah!

Se eu pudesse agora como neste sonho

Flutuando em tuas caudalosas águas

Correndo em suas praias como no tempo de criança

Para sentir em meus pé sua força tempestuosa

Que eu desemboquei

Das correntes inquietas no meu traço infantil

Nos fortes banzeiros das águas hostis

Que batia e quebrava

Nas ourelas do rio.

Rio Tarauacá!

Das inexploradas e primorosas

Paragens adormecidas

No infindável chão úmido de um verde florestal.

Rio Tarauacá!

Dos imensos barrancos caídos

Num pardo avermelhado

Deixando o líquido barrento

Em toda ribanceira.

Rio Tarauacá!

Dos tormentos dos desbravadores

Palco de tantos massacres e selvagerias

De comandantes e heróis anônimos

Que você testemunhou

E com suas lágrimas derramadas

Todo o rio chorou.

Rio Tarauacá!

Vale das terras indígenas

Dos bravos ‘guerreiros ’

Das águas da vida

Do Envira, Jordão ao Muru.

Rio Tarauacá de ‘Felizardo Cerqueira’

No longínquo Jordão

O catequizador de índios

Com glória e devoção

Amansava ou expulsava

Na bala ou no facão.

Do legendário e cruel ‘Pedro Biló'

No alto Tarauacá

Dizem que é acreano mas pode ser do Ceará

Homem de preces poderosas

De corpo fechado com o rifle de papo amarelo

Dizimou os silvícolas

Grande ‘matador de índios’

Dos valentes ‘Kaxinawá (s). (Mataram a mãe de P. Biló).

Índios Papavó (sem 's'), ‘canibais indomáveis’

É como se fosse uma lenda

Para ninguém acreditar

Impiedosamente massacrados

Nas sanguinárias correrias.

Rio Tarauacá!

Paraíso das praias estonteantes

Que renascem nas baixas do rio

Num solo cristalino e prolífero

Originando o berço da vida.

Rio Tarauacá!

Das desovas das tartarugas e dos tracajás (Cágados)

Da iguaria indígena

De massa visguenta

O saboroso Mujangué (ou arabu)

Que saciava a fome

Do caboclo seringueiro

Rio Tarauacá

Do valoroso ribeirinho

Másculo de brio que não dá por vencido

No barco ou na canoa circula com seu ganha pão

Cultivado na roça só Deus sabe a razão

Num vai e vem incessante

Nas cabeceiras dos ‘Rios’

O rígido pilar da vida

Na gigantesca região. (Hileia equatorial)

(Gilberto Saavedra – 13/05/2018)

Publicado no blog "Alma Acreana" de Isaac Melo.









Por: Copyright© 2023 @Flávio Santos

Nenhum comentário: