CORONAVIRUS: DOS EUA À CHINA, OS PAÍSES PRONTOS PARA TESTAR
VACINAS
DUAS MAIORES ECONOMIAS DO GLOBO LIDERAM ESFORÇOS PARA DESENVOLVER
VACINA CONTRA A COVID-19; BRASIL TAMBÉM CONTA COM INICIATIVA AINDA EM FASE
INICIAL, LIDERADA POR PESQUISADORES DA USP
Na
terça-feira (17/03), o governo da China anunciou que havia desenvolvido
"com êxito" uma vacina contra o vírus SARS-CoV-2 e que já havia
autorizado os testes em humanos.
As
autoridades chinesas não disseram quando os testes começarão.
veja também
O anúncio
ocorreu um dia após os Estados Unidos iniciarem os primeiros testes em humanos
de uma possível vacina. Quarenta e cinco voluntários saudáveis participam dos
testes.
Porém,
segundo especialistas, serão necessários vários meses - talvez até 18 - para
saber se essas vacinas funcionam.
Isso porque
os protocolos internacionais exigem um longo acompanhamento para saber se as
vacinas são eficazes e não causam efeitos nocivos.
A BBC
News Brasil relata a seguir em que pé estão algumas das principais
iniciativas para desenvolver a vacina contra o novo coronavírus:
China
Segundo o
governo da China, a vacina chinesa foi desenvolvida pela equipe de
pesquisadores da Academia Militar de Pesquisa Médica, ligada à Academia Militar
de Ciências.
A
epidemióloga Chen Wei, que lidera o grupo, disse que a vacina cumpre todos os
padrões internacionais e regulamentos locais, e que está pronta para "uma
produção em grande escala, segura e efetiva".
Porém, essa
não é a única vacina desenvolvida na China contra o novo coronavírus.
Várias
instituições chinesas disseram na terça-feira que iniciarão em abril os testes
clínicos para comprovar a eficiência de várias vacinas
Várias
instituições chinesas disseram na terça-feira que iniciarão em abril os testes
clínicos para comprovar a eficiência de várias vacinas em que vêm trabalhando,
segundo a agência de notícias Efe.
Uma dessas
vacinas já está sendo testada em animais. Ela foi desenvolvida por um grupo que
inclui pesquisadores das universidades de Pequim, Tsinghua e Xiamen, segundo o
Ministério da Educação chinês.
Também em
abril ocorrerão os testes de uma vacina desenvolvida na plataforma mRNA,
segundo o subdiretor da Comissão Municipal de Saúde de Xangai, Yi Chengdong.
Essa vacina foi criada a partir de proteínas virais derivadas das proteínas
estruturais de um vírus.
EUA
Os primeiros
testes de uma vacina contra o novo coronavírus nos EUA estão sendo feitos na
cidade de Seattle pela organização Kaiser Permanente.
Segundo uma
nota divulgada pela instituição, os primeiros quatro voluntários receberam
nesta terça-feira injeções. Os testes são respaldados pelo governo.
A vacina não
poderá causar a covid-19, pois contém um código genético inofensivo copiado do
vírus que provoca a doença.
Os trabalhos
- financiados pelo National Institutes of Health - pularam um passo que
normalmente é seguido nessas iniciativas: garantir primeiro que a vacina
consiga provocar uma resposta imune em animais.
Os
pesquisadores, da empresa Moderna Therapeutics, disseram que a vacina foi
criada com um processo de eficácia comprovada.
"Essa
vacina usa uma tecnologia pré-existente. Foi criada com um padrão muito alto,
empregando coisas que sabemos que são seguras para as pessoas, e quem participa
no teste será submetido a um acompanhamento muito rigoroso", disse o
médico John Tregoning, especialista em doenças infecciosas do Imperial College
de Londres.
"Sim, isso está muito rápido, mas esta é uma corrida contra o vírus, e não contra outros pesquisadores, e está sendo feito pelo bem da humanidade", afirma. Os voluntários receberão doses diferentes da vacina experimental. Cada um será
vacinado no braço em duas ocasiões, com um intervalo de 28 dias.
Alemanha
A imprensa
da Alemanha noticiou no domingo (15/03) que o governo dos EUA havia oferecido
ao laboratório alemão CureVac "grande quantias de dinheiro" para ter
acesso exclusivo a uma vacina para a covid-19 em desenvolvimento.
Segundo a
revista Die Welt, o presidente Donald Trump estava fazendo "todo o
possível para garantir uma vacina contra o coronavírus para os EUA, mas apenas
para os EUA".
O ministro
da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, disse que a compra do laboratório CureVac
pelo governo Trump estava "fora de cogitação", e que a companhia
desenvolveria a vacina "para todo o mundo", e "não para países
específicos".
Brasil
O
imunologista Jorge Kalil, diretor do laboratório de imunologia do Instituto do
Coração (Incor), em São Paulo, lidera uma pesquisa financiada pela Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para desenvolver no
Brasil a vacina contra o novo coronavírus.
Desde segunda-feira,
Kalil acompanha os trabalhos à distância, após seu filho ser diagnosticado com
a covid-19.
Os
cientistas brasileiros sob sua liderança, ligados à Faculdade de Medicina da
USP, irão sintetizar em laboratório uma parte de uma proteína do coronavírus,
importante para penetração na célula.
Por meio do
método, os cientistas planejam chegar, nos próximos meses, a uma vacina.
Primeiro, ela será testada em camundongos. Caso os testes tragam bons
resultados, a expectativa é de que possa ser aplicada em pacientes em até um
ano e meio.
A vacina dos
brasileiros busca recriar uma parte da proteína do vírus. A técnica se baseia
no uso de partículas semelhantes a vírus (VLPs, na sigla em inglês de
"virus like particles") — tal semelhança faz com que sejam facilmente
reconhecidas pelas células do sistema imunológico.
Desta forma,
segundo os estudos brasileiros, as VLPs — que não têm material genético do
vírus, o que impossibilita a replicação — são introduzidas no sistema
imunológico junto com os antígenos (substâncias que fazem com que o sistema
imunológico produza anticorpos).
Assim,
auxiliam na produção de uma resposta do organismo ao novo coronavírus.
Por: Copyright© 2020 @Kbym
Nenhum comentário:
Postar um comentário