ISAAC MELO:
JORNAL A ALVORADA: HISTÓRIA E POESIA
“O OBJETO QUE INDICA A CIVILIZAÇÃO DO MUNDO – O JORNAL”
X. (A ALVORADA, 18.2.1917, ANO V, N.40, P.2)
Contexto histórico:
A presença
efetiva de exploradores e colonizadores brancos na região que hoje compõe o
município de Tarauacá, berço de inúmeros povos indígenas, começou em fins do
século XIX e início do XX. A economia da borracha, nesse período, dava ao país
o segundo PIB. A borracha era tão valiosa, a ponto de ser chamada de o “ouro
negro”, alcançando o seu apogeu em 1912, com o Brasil exportando mais de 42 mil
toneladas do produto. Ironicamente, fastígio e miséria compunham as faces dessa
mesma moeda. Sob o boom gomífero, cidades, como Manaus e Belém, vão
viver a sua belle époque, elevando-se a condição de metrópoles em plena
floresta amazônica.
É nesse
contexto, inspirado, sobretudo, por essas duas metrópoles regionais, por sua
vez, simulacro das metrópoles europeias, com seus teatros imponentes, cafés,
jornais, etc. que as pequenas cidades e vilas também reivindicarão o seu
ingresso na “civilização”. A imprensa, por meio dos jornais, era, por
excelência, o símbolo da cultura, o signo do progresso, ao mesmo tempo em que
significava o distanciamento, e mesmo, a negação da cultura local para dar
lugar ao sentimento de pertencimento à “grande” civilização. E o modelo de
civilização, em questão, é a europeia cristã.
Nesse
sentido é que se pode compreender melhor a criação da imprensa em Tarauacá,
seringal transformado em vila em 1907, esta elevada à categoria de cidade em
1913. Em uma década, por exemplo, de 1910 a 1920, nove jornais, de modesta a
grande circulação, serão editados na cidade. O pioneiro é O MUNICÍPIO, cujo
primeiro número saiu em 28 de setembro de 1910; seguido por A ALVORADA
(14.7.1913); O ESTADO (29.1.1914); O TARAUACÁ (11.10.1914); EVOLUTIVO
(15.4.1915); O DEPARTAMENTO (15.11.1914); JORNAL OFFICIAL (14.4.1916); A
REFORMA (12.5.1918); e O REGIONAL (1917). Alguns tiveram vida curta; outros
subsistiram, a mudar apenas de nome, conforme o prefeito da ocasião, quando se
tratava de órgão público. O Município e A Reforma foram os de maior circulação
e que mais tempo duraram. O primeiro circulou de 28 de setembro de 1910 a 26 de
dezembro de 1937; o segundo, de 12 de maio 1918 a 25 de novembro de 1934.
Ressalte-se,
ainda, que, à época, as cidades eram secundárias. Na região, a importância
maior recaía sobre os seringais. Alguns seringais, com seus esmerados
barracões, dispunham de “progressos” que só posteriormente chegariam às
minúsculas cidades, como luz elétrica e pequenas fábricas de tecelagem, além de
alambiques, engenhos etc. A sede do seringal, a depender da sua importância e
tamanho, chegava a formar uma pequena vila. Não é a toa que praticamente todas
as cidades do Acre surgiram a partir do núcleo de seringais. Portanto, os
seringalistas, sequer, em muitas ocasiões, paravam na sede dos municípios.
Dirigiam-se direto de seus seringais às cidades de Manaus e Belém. Nesse
sentido é que, em alguns seringais, também era editado jornais, como é o caso
de “O Porvir”, “jornalzinho” editado no seringal Paraíso, nos altos do rio
Muru, por Bento Marques de Albuquerque, em 1915.
A Alvorada.
A partir de
19 de abril de 1913, a região composta pela então Vila Seabra, Vila Feijó e
Vila Jordão irá formar um novo departamento político-administrativo, o Departamento
do Tarauacá, desmembrado do Alto Juruá. A sede do novo departamento será
Seabra, que, cinco dias depois, 24 de abril, será decretada como cidade. Na
ocasião, ela já dispunha de um jornal, O Município, que existia desde 28 de
setembro de 1910. O proprietário e fundador era Pedro Gomes Leite Coelho
(1859-1937), considerado também “o fundador da Imprensa no Alto Amazonas em
1886”, com o jornal O Purus, editado na cidade de Lábrea. Três anos depois da
fundação d’O Município, os funcionários deste resolveram criar outro jornal,
cuja preocupação principal não era mais as notícias, e, sim, o aspecto
literário. E assim nasceu o pioneiro A ALVORADA.
A Alvorada
circulou pela primeira vez no dia 14 de julho de 1913. A data é simbólica, e
faz alusão a Tomada da Bastilha que, naquela ocasião, completava-se 124 anos.
Certamente, a escolha da data deveu-se a presença de um jovem francês, de 18
anos, Henri Froissart, que era o chefe das oficinas do jornal O Município e um
dos fundadores do nascente A Alvorada. Froissart será um nome importante na
imprensa tarauacaense, como diretor e redator dos principais jornais da cidade,
em suas primeiras décadas.
O jornal
saía, de início, quinzenalmente. E se denominava “periódico literrario e
noticioso, tendo por único fim o desenvolvimento intelectual da mocidade do
Departamento”, cujas colunas estavam “à disposição de todos seus leitores”, e
aceitavam “toda colaboração sobre literatura, (prosas, versos), logogrifos,
enigmas e charadas.” Além de ser, talvez, o primeiro jornal em todo o
território acreano dedicado exclusivamente à literatura, A Alvorada se
caracterizava, ainda, por ser um jornal autoral, criado para dar vazão e
expressão à produção local. Raramente encontra-se, em suas páginas, a
reprodução de textos de “grandes” autores, como era comum em outros periódicos.
O jornal não só publicava, bem como encorajava o surgimento de novos autores.
Um dos quais, sob o pseudônimo de Dulce Mar, assim se manifesta:
À LUCTA, MOÇOS!
Moços
tarauacaenses! Animae-vos, enchei vossos peitos de coragem em desenvolver
vossas idéas! Expandi-vos com vossos escriptos, na grande lucta intellectual.
Aparecer na
imprensa, é ver deante de nós, um horizonte, cuja nuvem, espessa, oculta o
ambicionado Thezoiro da mocidade; é ter-se deante dos olhos a certeza da mais
nobre tarefa, a qual é compensada com os elogios do generoso público. O jornal,
como disse um grande historiador, é o melhor livro, estando ele ao alcance de
todos; ele nos ensina praticamente, e, mais tarde, nos offerece um campo amplo,
livre para exclarecermos o que pensamos, o que sentimos, e, finalmente, nos
mostra um caminho que, seguindo-o com coragem, com o firme propósito de não
recuar, assim como quem vae para uma glória, em busca d’um ideal, encontraremos
o ponto terminal, que será justamente a segurança da phrase escripta e
impressa!
***
Aqui tendes,
moços, como eu, a lanterna que vos há de illuminar nesse túnel de difícil
passagem!
Segui! Não
encareis obstáculos e, lá, nas entranhas da terra, então, como se estivesses a
sonhar coisas apenas imaginárias, vereis, longe, muito ao longe, um branco que,
à princípio, se apresentará do tamanho d’uma ostia, e augmentará aos poucos,
conforme o vosso avanço nas trevas: será, indubitavelmente, o clarão do céu,
límpido, e, então, passareis d’uma phrase à outra; da escuridão, à luz, que é o
cultivo da intelligência, obtido no livro do povo – a Imprensa.
E, d’esse
modo, tereis ao vosso alcance o que julgastes impossível!
Ficar no
indifferentismo, tendo um guia que nos póde conduzir ao mais elevado triumpho,
é conservar, sinistramente, sob uma enorme pedra tumular, todas as esperanças
que gyram dentro dos nossos corações de moços.
(A Alvorada, 18.2.1917, Ano V, N.40, p.1)
O texto
“Nova Luz”, ao modo de editorial, que consta na primeira edição, escrito por
alguém que se assina apenas por “S.” ressalta que o jornal é um convite para os
que ainda não afeitos nem atirados ao mundo literário pudessem experimentar os
seus primeiros voos:
Como um
astro mais, dentre muitos já existentes no nosso amado solo pátrio, com luz a
expandir focos d’ouro a illuminar os recônditos deste meio lettro-social, –
nasce hoje A ALVORADA.
Este
jornalzinho, criado por um pequeno grupo de amadores sinceros da vida
publicista, embora não tendo as bases fundamentares quer para a beleza de
expressão de seus escriptos, devido à frágil competência de seus autores,
jamais deixará de ser um guia, um mestre amigo dos que teem em mira esclarecer
o espírito, expandir suas idéas.
A ALVORADA,
prezadíssimos leitores, vem à luz para todos; tem como seu único programa,
fazer o nosso desenvolvimento, o nosso engrandecimento, e, finalmente, o nosso
conhecimento moral, physico e social.
Os seus
fundadores notaram, por certo, algo de precisão de sua publicação, e foi
procurando fazer desaparecer esta necessidade e satisfazer o desejo de seus
apreciadores da mais bella canção da nossa vida – as letras, – os amigos das
idéas fáceis, que por um esforço de nobre vontade, chegaram ao fim da rota
almejada – crear um jornalzinho para os que ainda não feitos nem atirados ao
mundo literário experimentarem seus primeiros voos.
Partiu-se,
portanto, o elo que fortalecia este obstáculo: termina hoje a solução do
desejado quão difícil problema; já temos um periódico para os pequenos adeptos
do imortal Gutenberg.
Eis, pois,
chegado o momento de fazerdes conhecidas as vossas idéas, educardes o vosso
espírito, amardes com mais fervor as letras, dardes à instrucção o apreço
merecido.
(A Alvorada, 14.7.1913, Ano I, N. 1, p.1)
É preciso
lembrar que estamos a falar de uma Amazônia num tempo sem rádio, sem televisão,
sem telefone, sem estradas, sem avião, onde o jornal era, talvez, o meio de
comunicação mais eficiente e que alcançava os mais distantes lugares, ainda que
com alguns meses de atraso. A Alvorada era mais uma possibilidade da pequena
comunidade interagir, se reencontrar e se distrair, como ressalta Freire, num
texto exaltando o aparecimento do jornal:
FIAT LUX
Salve hoje à
luz da publicidade, A ALVORADA, que vem trazer à mocidade desta terra mais um
momento de distração, de recreio e alegria.
O
aparecimento d’A ALVORADA, devemos unicamente aos operários do ilustrado O
MUNICÍPIO, que tiveram a feliz idea de fundal-a para o único fim do
desenvolvimento de todo aquele que quiser aplicar-se às letras.
Muito bem!
E assim, que
rejubilado, por ver mais um progresso nesta bella e futurosa Villa Seabra,
saúdo aos patrióticos fundadores d’A ALVORADA.
Salvé A
ALVORADA!
Salvé os
seus fundadores!
(A Alvorada, 14.7.1913, Ano I, N. 1, p.1)
O papel
social do jornal é preponderante para a cidade. É uma forma de se manifestar e
de se mostrar para o mundo. É uma afirmação de identidade, e um modo de
expressar seus valores, e sua cultura. Por isso, Felicio Flavio
chamou o jornal de “desmedida temeridade”: “Para que negar, se aqui,
nesta região esquecida da vida e dos homens, a que bem podia chamar-se o
Paiz do Isolamento,é uma desmedida temeridade arrostar com um periódico
qualquer, seja ele grande ou pequeno, literrario, ou politico?” (13.5.1915, Ano
III, N.21, p.1). De fato, era uma empresa ousada criar e manter um jornal numa
pequena cidade amazônica. Todavia o esforço, a sensibilidade e o talento de
algumas pessoas, aliados à economia do látex, possibilitou tal empreitada. Além
do mais, o jornal era também uma forma de integração e de dialogar com o mundo.
Daí o sentimento de alegria, a cada edição, como escreveu L.L.: “E nós que aqui
neste “charco seabrense”, como bem já o disse há tempos um nosso valente
chronista, passamos uma vida mais vegetal do que humana, mergulhados sempre em
mágoas e tristezas, devemos-nos sentir alegres cada vez que lemos um novo
número d’A Alvorada.” (11.4.1915, Ano III, N.20, p.1)
Embora o
jornal dissesse aceitar “toda colaboração sobre literatura”, nem tudo que era
enviado era publicado. Havia um crivo, sobretudo para textos com graves erros
de ortografia, o qual garantia certo nível de qualidade e/ou de exclusão
social. Os textos rejeitados eram respondidos numa seção chamada “Caixa
d’Alvorada”, onde se dizia, mordaz e claramente, os motivos da rejeição. Eis um
exemplo:
Para isso
não precisa ser ave; como deve saber, temos os Zeppellins que podem
fazer o mesmo efeito ou melhor!..., mas a ortografia é que não se pode engulir!...
Se acha que não é o que dizemos, olhe o primeiro trecho que não alteramos:
“Que trestezas cruéis
tem se apuderado di mem neses poucos dias.” (Os gryphos são nossos).
Bonito! Não é, sr. escritor?!... Além d’isso, o título não está d’accordo
com as suas tristezas e a sua vontade de vôar!...
Volte à
escola e venha dar o seu recado, ouviu seu comandante?!
(A Alvorada,
15.3.1915, Ano III, N.19, p.3)
A Alvorada,
de modo geral, teve boa acolhida. Recebiam elogios, inclusive, “do belo sexo”,
como faziam questão de registrar. Aliás, a mulher era um dos temas recorrentes
no jornal. Por meio dos textos pode-se ter uma ideia da visão do homem acerca
da mulher, ou de como se compreendia o protagonismo e o lugar da mulher na
sociedade, que fica patente num texto escrito por Ramalho Ortigão: “A grande,
elevada e importante função da mulher nas sociedades humanas não é ser
boticária, jornalista ou ser doutora, é ser mãe e ser esposa.” Nesse tom
prossegue, e arremata: “que tenha enfim, superiormente instruída, que não seja
médica, filosófica, nem literata, e que empregue todo o seu espírito e todo o
seu coração em ser unicamente uma esposa e uma mãe.” (21.4.1916, Ano IV, N.32)
Era comum, à
época, a interação entre sociedades recreativas e grêmios literários, na
permuta de exemplares, como ocorreu d’A Alvorada com a Sociedade Recreativa e
Instrutiva Club “7 de Julho”, de Tubarão-SC e com o Grêmio Recreativo
Sobralense, do Ceará. Também ocorria a permuta com outros jornais, como, por
exemplo, “O Antigal”, de Salvador-BA e “A idéa”, de Teresina-PI.
O jornal, de
quatro páginas, com exceção da última edição, com seis, era composto por
artigos, que versavam sobre temas gerais (local, nacional ou internacional),
crônicas, poesias, logogrifos, enigmas e charadas, esses três gêneros sempre a
ocupar a última página. Ainda havia a sessão dos aniversariantes, das visitas,
chegadas e partidas. Os autores mais recorrentes eram: Henri Froissart, Rocha
do Brazil, Angelo Silveira, Floros Orlando, Adalberto Rosas, Paulo Viana,
Alberto Jacyranha, J. Assumpção, Lino de Sá, Kallermann, Oscar Castelo Branco,
José Pereira de Albuquerque, Arthur Castelo Branco, Lauro Rose, Walkmar,
Raulino, Felicio Flavio, Marques Sobrinho, Abílio Probem, Osman Jacy, Alberto
da Lyra, Luiz de França, João Roberto, Targino Silveira, Amaral Ornellas, Cyro
Borjona, José Augusto Correa, Teixeira de Albuquerque, Garcia Redondo, Sandoval
Ornellas, Ignacio Bicoterio Detto. Há também muitos pseudônimos, entre os quais
prevalecem: Dulce Mar, Vesper, Dr. Xisto, K.C. Tinho, Rolinha do Bosque,
Seringueiro Acreano, Jodoval, Lince da Grei, Mar de Val, Matuto Embirense,
Ribeirinho, Carioca.
Embora se
dissesse quinzenal, A Alvorada, às vezes, contava com longos intervalos entre
uma edição e outra. A partir, por exemplo, do sexto ano, isto é, 1919, o jornal
acrescenta em seu cabeçalho o mote “humorístico”, tornando-se, assim, um
“Periódico Literário, Humorístico e Noticioso”. Entre seus redatores
encontrava-se Abílio Probem, que era tipógrafo, João Motta e Waldemar de
Albuquerque, sob a direção de Henri Froissart. A última edição que consta no
acervo da Biblioteca Nacional, data de 28 de fevereiro de 1919, o jornal estava
em seu sétimo ano, na edição de número 44.
A poesia
Dos 32
exemplares pesquisados, e que constam digitalizados e disponibilizados no
acervo digital da Hemeroteca da Biblioteca Nacional, no Rio Janeiro, apenas a
edição d’A Alvorada de 12 de outubro de 1915 (Ano III, N.27) não consta nenhum
poema. Ao todo, foram encontrados 49 poemas de 43 poetas diferentes, alguns a
constar apenas as iniciais do autor ou o pseudônimo. Dos 43, apenas quatro eram
mulheres, a saber: Maria Augusta Menezes, Maria Jacy Menezes, ambas com poemas
de amor, Soledade d’Albuquerque, com uma poesia de cunho religiosa e o
pseudônimo LIA-ANA, com um soneto de amor. Os demais poetas são: Rocha do
Brazil, Alberto Jacyranha, Fritz-Night, Zelio, Pery, Antonio d’A. Sabo de
Oliveira, Myrto d’Alva (pseudônimo do poeta Ulisses Castelo Branco), Adalberto
Rosas, Criseo Tyreo, Ruhtra Nilo, Romiluz, João do Muru, Oscar Castello Branco,
Marques Sobrinho, A. T. ou C., A. Q., Chico do Acre, Vesper, Poty Potyguara,
Francisco C. Araújo, Gonçalves Crespo, A. P. (Abílio Probem, provavelmente),
Felicio Flavio, S. S., Dilermando Cruz, anônimo, Levy Saavedra, Arthur Roberto,
Daniel Valle, Lauro Sombra, Felix Pedreira, Paulo Borba, Julio Olympio, Rozildo
Bracha, Roberto Cruz, Furtado Filho, Apollo, X. e Moura Azeredo.
A forma
poética que predomina é a do soneto, ao todo, vinte e oito. Talvez por
inspiração bilaquiana. Mas há, também, quadras, tercetos, entre outros, a
constar, em todos, a presença de rimas. Os poemas gravitam, a maioria, em torno
de temas como o amor, onde se sobressai os apelos, encantos, frustrações,
advertências e galanteios ao público feminino. O fato de o jornal ser feito por
jovens, e, sobretudo, destinado a eles, talvez explique a proficiência da
temática. Todavia há, ainda, os de cunho religioso, ufanista, político e
existencial.
Por fim, a
existência d’A Alvorada, um entre diversos jornais locais, nos leva a
questionar a tese comum a certas historiografias que afirmam ser a colonização
dessa região feita predominante por pessoas rudes, de pouca ou nenhuma
instrução, ainda que, certamente, houvesse. Como se explica a abundância de
jornais numa cidade que não tinha mais que dois mil moradores? Por outro lado,
sabe-se que o jornal era expressão, se não da elite financeira, certamente da
elite intelectual que estava a se formar, composta por promissores jovens de
“boas famílias”. No entanto, é preciso frisar, a massa que habitava as cidades
se diferenciava da que habitava os seringais. A Alvorada circulava tanto por um
quanto por outra. Todavia, nos fica a incógnita se, a furar a barreira dos
barracões, ele conseguia chegar aos distantes centros, onde viviam e
trabalhavam os seringueiros. Estamos propensos, dado as evidências, a pensar
que não. Embora houvessem textos que fossem feitos e enviados dos seringais,
eles eram de autoria dos filhos de seringalistas, e não propriamente dos
seringueiros. Porém, devido à falta de algumas edições, e de informações de
quem eram os autores, muita coisa ainda fica em aberto e a se responder. FONTE E MATÉRIA COMPLETA AQUI:
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