terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

PENSAR NOS JOVENS: TK

JOVENS INFRATORES EM TARAUACÁ...

 O QUE FAZER?


Não se pode duvidar: a idade mínima para responsabilização criminal sempre foi um foco de grande atenção em todas as partes do mundo. O motivo de tal alarde talvez nem mesmo resida na condição psicológica do agente, ainda em formação, aos 14, 16 e 18 anos de idade, sustentada nas teses de Freud e Jung, como a falta paterna, ausência materna ou instabilidade familiar. É muito provável que o questionamento central de tanto alarido seja a identificação do momento singular em que o ser humano deixa de ser pueril, atravessa a tênue linha da inocência e ingressa, irrevogavelmente, na esfera criminosa, rompendo sua rede de proteção, seu escudo estatutário, sua aparente fragilidade, condição esta para o inefável exercício de seu direito de ser criança.

O adolescente carrega dentro de si todas as inseguranças que permanecem presentes na idade adulta, com o diferencial da ausência de maturidade com que administra tais instabilidades. A desestrutura do lar, fator presente em mais de 80% dos casos de delinquência juvenil, desencadeia no adolescente a necessidade da busca de autoafirmação em campo externo à sua casa, preferencialmente agregando- se a outros sob as mesmas circunstâncias. A imaturidade emocional é presente nas gangues de criminosos e infratores, essencialmente naquelas compostas por adolescentes. 

Esse desenvolvimento interrompido, cujo deslinde daria ensejo à completa formação do caráter e da personalidade humana, abre uma porta significativa à recepção dos que acalentam a superação das mesmas dificuldades e esse desfecho é geralmente permeado de comportamentos agressivos e violentos; muitas vezes, inclusive, tais atitudes nem mesmo têm contexto fático atual, nascendo a violência e/ou agressividade de um aparente “nada”. Se o homem é um ser insatisfeito por natureza – ainda que maduro –, imagine-se o adolescente, eterno insatisfeito global: insatisfeito com a aparência, insatisfeito com a falta de dinheiro, insatisfeito com a ausência de amor, insatisfeito com o domingo de sol etc. 

Essa insatisfação gera no ser humano imaturo uma necessidade de completude que, de fato, nada no mundo supre. É exatamente nessa porta que a criminalidade ingressa, porquanto seja o adolescente um ser insatisfeito (portanto ingrato), incompleto (portanto sem muito conteúdo) e carente (de muita coisa, de pessoas, de sensações, de afeto).

Fonte: revistavisaojuridica.uol.com.br/

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