quarta-feira, 2 de novembro de 2011

TRISTE DRAMA:

ACRE É O SEGUNDO ESTADO EM APREENSÕES DE DROGAS

"É ESSE O MUNDO QUE VIVEMOS"

O que temos feito para diminuir esse dilema?

Estudo revela que o tráfico de drogas ilícitas figura no topo do ranking dos crimes que movimentam os maiores volumes de dinheiro no mundo. Este crime passou a ser considerado um dos grandes negócios mundiais, ficando atrás apenas do setor petrolífero e da indústria automobilística, movimentando, anualmente, cerca de US$ 750 bilhões. Na Rota Bolívia-Rio Branco, os lucros para quem transporta entorpecente chegam à casa dos 193% e um prêmio em média igual a R$ 14.837.

O Acre conforme dados do estudo que tem como base informações da Policia Federal, é o segundo estado de maior volume de apreensões de drogas no país, perdendo apenas para o Estado do Mato Grosso. O estudo aponta o que já é de conhecimento da maioria das autoridades brasileiras e do governo estadual: por situar-se em tri-fronteira, o estado é a principal porta de entrada de drogas, especificamente a cocaína, que na sua maior parte, se destina a outros estados da federação e até para outros países.

Foram entrevistados 102 presos na Unidade Francisco D´Oliveira Conde. O Acre, de acordo com dados do IAPEN, contava com 3.036 presos no ano em que foi realizado o levantamento (2008). 31,5% desses pela prática do crime de tráfico de drogas. Na avaliação dos estudiosos, os números mostram a expressiva participação do tráfico na criminalidade acreana.

- Ela é responsável por quase um terço da população de indivíduos encarcerados do Estado – diz o relatório.

A cidade de Rio Branco concentra a maior parcela dos detentos do Estado, somando um total de 2.336 indivíduos, que correspondem a quase 77% dos presos do Acre. Deste número, 33,35% representam a parcela de pessoas presas por tráfico de entorpecentes.

No perfil dos presos por tráfico, 78,4% são homens e 21,6% mulheres. Uma parcela significante dos presos tem contato com drogas com dez anos de idade [período que deveriam estar na escola]. Eles representam 14% dos entrevistados. A faixa que vai até os 20 anos representa um percentual de 24,51% dos envolvidos em crimes por entorpecentes.

As mulheres entram no mundo do tráfico mais tarde, muitas vezes atraídas pelos maridos e amantes dentro do presídio. O estudo aponta como intervalo com maior ocorrência de mulheres a faixa que vai dos 31 aos 35 anos de idade, com um percentual de 27,27%. Em média, os homens iniciam-se no tráfico com a idade de 23 anos e as mulheres aos 26,6 anos.

Pelos dados catalogados, a maconha deixou de ser a principal droga comercializada no Estado. 100% dos entrevistados afirmaram transportar ou comercializar cocaína em suas diversas formas, esse grupo representa 82%. Outros 3% comercializavam maconha e 15% as duas drogas.

As chamadas “mulas” representam 32% dos entrevistados. 67% dessa droga vêm da Bolívia e 26% é adquirida do Peru. Apenas 7% adquiriam a droga no Acre. No varejo, o comércio é feito pelas “bocas de fumo”. Nelas as drogas são embaladas em “cabecinhas” e comercializadas já prontas para o uso. Os boqueiros são quem comercializam os maiores volumes.

O comércio representa um salário em média de R$ 7.215 por mês. O lucro nesse mercado chega a variar entre 294% a 470%. A rota de ouro para os traficantes é o de transporte da Bolívia para Rio Branco. Essa rota pode representar uma renda bruta equivalente a R$ 15.174, uma taxa de lucro de 193% e um prêmio em média igual a R$ 14.837.

Ainda segundo o estudo, os traficantes presos que adquiriam o entorpecente em território acreano obtinham com sua venda uma renda bruta média advinda do tráfico igual a R$ 5.534, uma lucratividade média de 129% e um prêmio médio equivalente a R$ 5.142. Os entrevistados que compravam a droga no Peru e a revendiam no Brasil alcançavam, em média, uma renda bruta igual a R$ 5.000, uma taxa de lucro de 205% e um prêmio de R$ 4.770.

Enquanto a indústria clandestina vai montando seu império, empregando a cada dia jovens mais novos e até crianças de 10 anos que deveriam estar na escola, nenhuma ação de governo saiu do papel. As fronteiras do estado continuam escancaradas. Na próxima matéria da série, a reportagem vai mostrar o que o estudo aponta com relação ao trabalho da Policia do Acre no combate à entrada e o consumo de drogas no Estado.

A avaliação econômica do tráfico de drogas no estado do Acre tem a autoria de Rennan Bitts de Lima, Rubicleis Gomes da Silva e Eduardo Simões Almeida.

Jairo Carioca – da redação de ac24horas

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