MARINA SILVA ADIA APOIO A DILMA OU SERRA
PENSANDO EM 2014
Especialista diz que, para manter eleitores, senadora pode sair "à francesa"
A candidata derrotada à Presidência, Marina Silva (PV), não foi para o segundo turno, mas seus quase 20 milhões de votos a obrigaram a continuar na campanha - resta saber de quem. De olho em seu próprio discurso durante as eleições e em seu projeto velado de voltar a disputar a Presidência em 2014, ela empurrou sua decisão de apoiar Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) só para daqui a duas semanas.
Marina passou toda sua campanha dizendo que Serra e Dilma eram iguais e que, em nome da “renovação na política”, o eleitor deveria escolhê-la. Agora, é disputada pelos concorrentes, que são só elogios à ex-candidata.
O cientista político Marco Antônio Villa, professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), diz que Marina acabou se transformando em uma alternativa para um conjunto amplo de pessoas, “que vai de ambientalistas, a estudantes e religiosos”. Contrariar seu discurso ao apoiar Dilma ou Serra poderia comprometer a imagem criada por ela diante desses eleitores e afundar seus planos para o futuro.
- Ela ganhou votos por conta de como se apresentou. Ela juntou empresários com visão diferente de sociedade e entrou no meio de duas candidaturas que colocaram em disputa as figuras dos candidatos, não seus programas. Marina tentou mostrar que era diferente, e acabou conquistando algumas pessoas.
Mas esse não é o único problema de Marina. Ela está entre a cruz e a caldeirinha porque seu partido tende a apoiar Serra e ela, no entanto, foi uma das fundadoras do PT.
- Até pouco tempo atrás ela estava no governo [do presidente Luiz Inácio Lula da Silva].
Enquanto ela não se decide, colegas de partido vão se juntando ao tucano. O candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira (RJ), por exemplo, já declarou apoio a Serra nesta segunda etapa da campanha eleitoral.
Por outro lado, os votos conquistados no primeiro turno podem dar a Marina força suficiente para tomar uma decisão diferente da legenda.
- Esses votos são dela, não do PV, que não fez nenhum governador e elegeu uma bancada pequena no Congresso.
Em nota enviada na noite de ontem na qual desmente uma possível negociação com dirigentes petistas, a própria senadora admite que sua candidatura se tornou maior que o partido.
Villa aposta em uma saída “à francesa” para Marina.
- Tem eleitor que deseja o apoio dela a Dilma e tem quem quer que ela apóie o Serra. Mas ela pode fazer uma saída discreta, à francesa: ela pode listar alguns princípios, entregar aos dois candidatos e declarar neutralidade ou apoio a quem seguir suas recomendações.
Por enquanto, Marina faz os dois ex-adversários esperarem com a desculpa de que vai aguardar uma convenção do PV para resolver o melhor caminho a seguir.
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