A HISTÓRIA DO ACABAXI
O ABACAXI, COM O NOME DE “PIÑA”, FOI LEVADO PARA A EUROPA COMO TESTEMUNHO DA EXUBERÂNCIA EXÓTICA DAS TERRAS EXISTENTES A OESTE DO ATLÂNTICO.
Quando
Cristovão Colombo chegou à Ilha de Guadalupe, no Novo Mundo, o abacaxi foi
oferecido aos invasores europeus num gesto de hospitalidade e boas-vindas. Em
virtude de um julgamento um tanto forçado e bastante apressado, a fruta foi
considerada semelhante ao fruto do pinheiro europeu, sendo então chamada de
“piña”, como é até hoje conhecida nos países de língua espanhola.
Provavelmente
nativo do sul da América do Sul, da região onde hoje fica o Paraguai, o abacaxi
foi carregado por toda a América pelos guaranis, tornando-se espécie cultivada
pelas populações autóctones até a região da América Central e do Caribe muito
antes da chegada dos europeus.
Apenas
depois de muito tempo de sua chegada a Europa, soube-se que aquilo que
costumava ser considerado como uma fruta única não passava de uma ou duas
centenas de pequenos frutos aglomerados em torno de um mesmo eixo central: cada
“olho” ou “escama” da casca do abacaxi é um fruto que cresceu a partir de uma
flor, fundindo-se todos os frutos em um grande corpo, chamado infrutescência,
no topo do qual se forma a coroa.
O abacaxi,
com o nome de “piña”, foi levado para a Europa como testemunho da exuberância
exótica das terras existentes a oeste do Atlântico. Espécie de fruto de fácil
dispersão e cultivo, o abacaxi cruzou os mares do mundo a bordo de galeões e
caravelas, chegando para ficar na África, na China, em Java, na Índia e nas
Filipinas. Nesses locais, o abacaxi propagou-se com facilidade e rapidez, tendo
sido muito bem aproveitado nos últimos cinco séculos.
Na
Inglaterra, a partir do século 17, iniciou-se o cultivo do abacaxi em estufas
especialmente preparadas para manter a temperatura equivalente à temperatura
tropical de que a planta necessita para crescer. Com sua coroa espinhenta,
passou a ser chamado, no feminino, de a “rainha das frutas”. Transformado em
iguaria de reis e rainhas, o abacaxi foi oferecido como símbolo de
hospitalidade a convidados especiais da nobreza também nas cortes européias.
No
transporte do Novo para o Velho Mundo, o abacaxi deixou de ser apenas uma fruta
e passou a ser um verdadeiro modelo de beleza e exotismo, representado
incansavelmente pelas belas artes, estudado e admirado pelas ciências da
natureza. Uma imagem que permaneceu misteriosa por muito tempo, até que pudesse
ser completamente desvendada pela ciência botânica.
De perfume
forte e sabor variado, ora dulcíssimo, ora bastante ácido, a massa composta
pelo conjunto do abacaxi constitui uma polpa refrescante e cheia de caldo. Além
do consumo ao natural, tais virtudes o recomendam como fruta que se presta à
produção de uma grande variedade de doces, tais como compotas, cristalizados,
geléias, sucos, sorvetes, cremes, gelatinas, tortas e pudins.
No Brasil,
faz-se também uma bebida, chamada aluá, bastante conhecida e apreciada no
Nordeste: deixam-se as cascas do abacaxi imersas em água por alguns dias, até
que se processe a sua fermentação.
O abacaxi é,
seguramente, uma das frutas tropicais mais populares do mundo, sendo muito
utilizada no preparo de coquetéis de espírito festivo, tais como a famosa “piña
colada”, feita com suco de abacaxi e rum.
O abacaxi
não é fruta calórica, mas seu conjunto contém altas porcentagens de vitaminas
A, B e C, assim como carboidratos, sais minerais (cálcio, fósforo e ferro) e
fibras. dos restos do abacaxizeiro também se pode extrair a bromelina, uma
enzima nobre que ajuda a decompor proteínas, resultando dessa extração um
bagaço consistente que pode ser utilizado como ração animal.
O Brasil é
um dos maiores produtores mundiais de abacaxi, com mais de 1400 mil toneladas
anuais. As principais plantações brasileiras, responsáveis pela produção de
cerca de 850 mil toneladas, estão concentradas na região do Triângulo Mineiro
(Minas Gerias) e nos estados da Paraíba e do Pará. Outras regiões do país
também são responsáveis pela produção de grandes quantidades de abacaxis: no
Nordeste, destacam-se a Bahia, o Rio Grande do Norte e o Maranhão; no Sudeste,
São Paulo (municípios de Araçatuba e Bauru), Rio de Janeiro e Espírito Santo;
no Centro-Oeste, Goiás; e no Norte, o Estado de Tocantins.
No entanto,
apesar de manter uma área de cultivo bem maior que os outros países produtores,
o Brasil ainda não detém completamente as técnicas que permitem a alta produtividade
obtida nos abacaxizais da Costa Rica, Bélgica, França, África (Costa do Marfim
e Gana), dos Estados Unidos , Tailândia e Filipinas. (UNB)
Por: Copyright© 2023 @Flávio Santos
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