OS MIOMAS DE ÚTERO
Saiba como
surgem, como se diagnosticam, os problemas que causam, quando devem ser
tratados, os tratamentos disponíveis: hormonal, cirurgia – embolização, etc.
Os miomas
são formações nodulares que se desenvolvem na parede muscular do útero e
comumente são chamados de tumores benignos. Mioma NÃO É CÂNCER e não
é perigoso! Todavia, dependendo da sua localização, tamanho e quantidade podem
ocasionar problemas, incluindo dor e sangramentos intensos. O tamanho dos
miomas pode variar desde muito pequenos a grandes formações que simulam uma
gravidez de 5 ou 6 meses.
Dependendo
da sua localização na parede do útero, os miomas agrupam-se em três tipos:
- Os
“subserosos” localizam-se na porção mais externa do útero e geralmente
crescem para fora. Este tipo de mioma geralmente não afeta o fluxo menstrual,
porém, pode tornar-se desconfortável pelo seu tamanho e pressão sobre outros
órgãos da pelve.
- Os
“intramurais” crescem no interior da parede uterina e se expandem fazendo
com que o útero aumente seu tamanho acima do normal. São os miomas mais comuns
e geralmente provocam um intenso fluxo menstrual, dor pélvica ou sensação de
peso.
- Os
“submucosos” localizam-se mais profundamente, bem por abaixo da capa que
reveste a cavidade uterina. São os miomas menos comuns, mas provocam intensos e
prolongados períodos menstruais.
Importância dos miomas na saúde pública:
O mioma
uterino é o tumor benigno que mais comumente afeta as mulheres. Estima-se que
entre 40 a 80% das mulheres na idade reprodutiva são portadoras de mioma e,
destas, pelo menos um terço requer tratamento devido à presença de sintomas.
Entre 1980 e 1993 foram realizadas cerca de oito milhões de histerectomias
(retirada cirúrgica do útero) nos Estados Unidos e, na grande maioria das
vezes, para tratamento de mioma. Estima-se que anualmente 200.000 mulheres
perdem o seu útero, mais de 40.000 realizam miomectomia (cirurgia conservadora)
e outras 250.000 estão sob terapia hormonal em decorrência de miomatose
uterina. Fora os aspectos epidemiológicos, vale salientar que o custo anual
estimado para tratamento de mulheres portadoras de miomatose uterina nos
Estados Unidos gira em torno de três bilhões de dólares, sem considerar os
gastos relacionados à morbidade nem ao afastamento da mulher da sua atividade
profissional.
SINTOMAS TÍPICOS CAUSADOS PELOS MIOMAS:
Provavelmente,
menos da metade das mulheres que têm mioma no útero têm algum tipo de sintoma.
Por isso, a maioria delas nem sabe que tem mioma ou, se sabe, seguramente
descobriram por casualidade, no momento em que realizavam um exame ginecológico
de rotina ou por qualquer outro motivo. Algumas vezes os miomas são descobertos
antes de provocarem um grande aumento do tamanho da barriga. Outras vezes podem
provocar um aumento discreto do ventre que leva as mulheres a pensarem que
estão com uma “barriga de cerveja” ou simplesmente que engordaram. Em algumas
situações, o aumento do tamanho do abdome pode ser tão evidente que simula uma
gestação de vários meses.
Em geral, os sintomas provocados pelos miomas podem ser resumidos
a:
Sangramento menstrual intenso:
- Os miomas
provocam comumente períodos menstruais intensos e prolongados, além de
sangramentos mensais atípicos, às vezes com coágulos, e que, com alguma
freqüência, podem levar à anemia.
- Uma
menstruação intensa pode ser também uma menstruação dolorosa. A dor geralmente
acontece devido ao acúmulo de maior quantidade de sangue e coágulos dentro da
cavidade uterina, o que provoca a sua distensão dolorosa e uma maior contração
da musculatura para expulsar o conteúdo.
- A intensidade
da menstruação pode levar a mulher à anemia, isto é, a diminuição dos glóbulos
vermelhos e da hemoglobina no sangue. Dependendo da magnitude da anemia, pode
ser necessário corrigir esta alteração, seja com a prescrição de medicamentos à
base de ferro ou até mediante uma transfusão sanguínea.
- Alguns
sinais que podem indicar um fluxo menstrual intenso podem ser o aumento do
consumo em dois absorventes por dia, a troca de absorventes a cada 2 horas, o
aumento da duração da menstruação (+ de 3 dias) com relação à anterior, o
encurtamento da duração do ciclo (+ de 2 dias), a presença de sangramentos
intermenstruais (entre os ciclos), a eliminação de coágulos, o aparecimento de
anemia ou a experiência de passar por situações imprevistas e/ou
constrangedoras.
Distensão abdominal com sensação de peso ou pressão na pelve:
À medida que
o útero cresce e vai aumentando de tamanho, a mulher vai notando o crescimento
do seu ventre. Geralmente, observa esta mudança quando se olha no espelho ou
repara que as suas roupas começam a apertar na cintura. O primeiro pensamento é
geralmente que está “ficando barrigudinha”. Com a continuidade deste processo,
a distensão abdominal começa a ser bem mais notória e a mulher passa a simular
uma gravidez. O útero aumentado de tamanho começa a pesar no piso do abdome,
provocando esta sensação desagradável.
Dor pélvica, abdominal, nas costas ou nas pernas. Dor durante as
relações sexuais:
À medida que
o útero cresce e vai aumentando o seu tamanho, começa a ocupar espaço na pelve
e no abdome. Neste processo, empurra estruturas anatômicas vizinhas que contêm
terminações nervosas que, quando estimuladas, provocam uma sensação dolorosa. O
útero deformado e com a sua rigidez aumentada pela presença de miomas pode
condicionar que a mulher tenha relações sexuais desconfortáveis e/ou dolorosas.
Sensação de pressão na bexiga com vontade constante de urinar:
Quando
grandes miomas se desenvolvem na parede anterior e o útero cresce para este
lado, comumente começa a pressionar a bexiga, fazendo com que esta diminua a
sua capacidade de armazenar a urina. Com isto, a mulher sente uma necessidade
freqüente de urinar e é obrigada a esvaziar a bexiga de forma mais rápida.
Constipação:
Embora sem
ser muito freqüente, algumas mulheres relatam a dificuldade para evacuar, o que
pode acontecer por compressão do útero miomatoso sobre o reto, o que limita a
passagem de fezes ou provoca uma sensação de plenitude intestinal.
A embolização para tratamento dos miomas:
A idéia de
utilizar a técnica de embolização para tratamento dos miomas surgiu na França
nos anos ‘90. Um ginecologista francês, o Dr. Jacques Ravina, que, se
preocupava com o sangramento que ocorria em suas pacientes durante a cirurgia
de miomectomia, pensou que poderia evitar essa situação se as pacientes forem
embolizadas previamente à cirurgia. Assim, solicitou a um grupo delas para
fazerem embolização pensando em operá-las posteriormente. A surpresa foi geral
quando essas pacientes prescindiram da cirurgia previamente agendada em virtude
de imensa melhoria clínica que experimentaram somente com a embolização. Assim,
a revelação de Ravina foi que a embolização das artérias uterinas provoca uma
imensa melhoria dos sintomas sem causar qualquer dano, anatômico ou funcional,
ao útero. As observações clínicas iniciais do Dr. Ravina foram publicadas na
prestigiosa revista médica The Lancet em 1995 e desde então a embolização vem
sendo aplicada clinicamente em numerosas instituições ao redor do mundo como
uma alternativa, com extraordinário sucesso, para o tratamento da miomatose
sintomática.
Pacientes que podem fazer embolização:
Toda mulher
que tem mioma no útero e apresenta sintomas desconfortáveis é potencialmente
candidata a fazer uma embolização, independentemente da quantidade, tamanho
e/ou localização dos nódulos de mioma. Raramente existem situações
desfavoráveis que não possam ser tratadas com a embolização uterina.
Algumas
mulheres requerem uma abordagem apropriada e por isto costumamos dividir as
pacientes em quatro grupos:
- Pacientes
que se encontram próximas da menopausa;
- pacientes
que já foram submetidas à miomectomia e voltaram a apresentar sintomas;
- pacientes com
desejo de manter a fertilidade;
- pacientes
que já entraram na menopausa e usam tratamento de reposição hormonal.
É importante
mencionar que, mesmo que a embolização não produza os resultados
desejados, esta raramente inviabilizará ou provocará qualquer complicação que
por ventura possa comprometer a realização do tratamento cirúrgico convencional
caso este seja necessário. É por isso que a embolização uterina deve ser sempre
considerada como a ferramenta terapêutica inicial para os miomas de útero. FONTE:
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