A DELICADA RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS
Como se não
bastasse a onda de violência e criminalidade que atinge o país todo e o mundo,
temos ouvido nos últimos tempos, muitas notícias de filhos que matam seus
próprios pais em situações de extrema crueldade. Problemas e dificuldades
familiares são expostos nas páginas criminais dos principais jornais.
Pais e mães
com filhos adolescentes ou pré-adolescentes têm recorrido a profissionais como
psicólogos, psiquiatras e educadores, na procura de respostas e conselhos sobre
o que fazer com seus filhos quando esses costumam apresentar problemas como:
comportamentos socialmente inadequados, dificuldades de relacionamento
interpessoal, bem como problemas de adaptação escolar e aprendizagem. As
maiores queixas ficam entre os comportamentos sociais inadequados e
dificuldades de convivência familiar. A situação anda tomando uma tal
proporção, que alguns pais começam a trancar a porta de seus quartos, na hora
de dormir, e enquanto outros vão mais longe ainda, blindando as paredes e
portas de seus quartos.
Horrorizados,
muitos se perguntam “o que estará acontecendo com nossos jovens?” E, penso eu,
que a questão poderia ser pensada de outra forma: “O que estará acontecendo com
nossos pais e mães que parecem estar esquecidos de sua função de educadores
desses jovens?”
Olhando um
pouco para trás, percebemos que a partir da década de 60 e da revolução sexual,
tivemos o início de uma transformação nos costumes e valores válidos em nossa
sociedade. Entre tantos outros conceitos questionados, os modos de educação
mais repressores foram postos em cheque, e começou a se erguer a bandeira da
educação mais liberada para prevenir os “traumas” que uma educação muito
repressora poderia causar na vida emocional dos filhos.
Ainda, com o
desenvolvimento das pesquisas na área da psicologia e psicanálise, enfatizando
a importância da influência do ambiente na formação de um indivíduo, a questão
da educação dos filhos tem merecido um maior cuidado por parte de educadores,
psicólogos e estudiosos de várias áreas. Muitas são as teorias novas que surgem
sobre o que fazer, como proceder, tudo na tentativa de orientar os pais nessa
difícil tarefa.
Com isso,
tivemos uma mudança de panorama.
Se pelas
gerações antigas a criança era tratada como um “mini-adulto”, sem direito a
desejos e vontades, sem direito a quaisquer cuidados especiais em respeito à
sua condição de criança, parece-me que as gerações mais jovens, talvez tenham
pecado pelo excesso, no sentido inverso, passando a tratar a criança como um
“rei no trono”.
Tudo
passaria a ser motivo de trauma para a criança e para o adolescente. Se uma
criança apanhava, era castigada, ou apenas repreendida, já se poderia
considerar isso como motivo de trauma.
É claro que
não estou falando aqui a favor de prática de maus-tratos contra a criança ou o
jovem, e isso é uma questão seriíssima que vem sendo tratada com muito mais
respeito, nos últimos tempos, graças também a essa transformação social que se
operou, e que mereceria outro momento de discussão. Mas, nem de longe, podemos
pensar que pais e mães não possam repreender seus filhos. Essa é uma função
muito importante no processo de educação. A educação é feita com base no afeto
que se transmite ao filho, e com base no limite que se pode dar a ele também. A
criança precisa conhecer o amor, a amizade, o respeito e a consideração, mas
também, quais são os limites que ela tem de respeitar, entre a vida dela e a do
outro, para que ela possa tornar-se um ser humano apto para a vida em
comunidade.
A atenção e
o respeito que devem ser dados à criança não podem provocar uma inversão na
ordem das gerações entre pais e filhos. Esse é o pior desserviço que um pai
pode prestar a um filho.
Os pais
precisam colocar limites para seus filhos crescerem. A criança é um ser com uma
quantidade enorme de energia, que precisa, desde cedo, ser bem canalizada. Ela
precisa aprender a gerenciar essa energia adequadamente e, para tanto, precisa
de um enquadramento e um direcionamento que, principalmente, aos pais cabe dar.
Hoje em dia,
também é muito comum ouvirmos que pais e mães precisam ser amigos de seus
filhos. Aqui, igualmente, é preciso ter cuidado com a inversão de ordem.
É muito
importante que pais e mães possam ser amigos de seus filhos, mas, antes de
qualquer outra coisa, por amor a seus filhos, os pais têm o dever de educá-los,
de colocar limites, estabelecer proibições. O que se espera de pais amigos de seus
filhos, inclusive o que os próprios filhos precisam são de pais e mães mais
próximos, mais disponíveis, abertos a escutá-los, a discutir e orientá-los
naquilo que eles lhes solicitarem, ou naquilo que os pais entenderem necessário
fazê-lo. Mas, precisam igualmente de pais que saibam dizer não, estabelecer o
que é certo e o que é errado, e quais os limites que precisam ser seriamente
respeitados. FONTE
Por:
Copyright© 2018 @Kbym
Nenhum comentário:
Postar um comentário