A CRISE DA
MEIA IDADE
SERÁ QUE
ESTOU VIVENDO...
Os anos da
meia idade (dos 40 aos 65 anos) são, de forma geral, menos estressantes e mais
felizes que os anos iniciais da idade adulta. Segundo Osório (2001, p.
159) “nestes anos adultos intermediários, a maioria das pessoas progride
na carreira profissional, na vida conjugal e familiar e nas áreas cívico e
socioeconômica, tendendo a ocorrer a consolidação dos anos anteriores”.
No entanto, nem tudo é tranquilo nessa idade. As frustrações decorrentes de objetivos não atingidos e a proximidade com a velhice podem ocasionar sentimentos de desvalia e de incapacidade, o que repercute negativamente na autoestima, podendo gerar uma crise emocional ou crise da meia idade, como é conhecida. Vários fatores contribuem para que esta ocorra.
Durante a
meia idade o funcionamento físico e cognitivo começa a decair gradativamente. É
o período em que ocorre o climatério, ou seja, a perda da capacidade
reprodutiva. Embora ela ocorra em homens e mulheres, nos homens esse processo é
bem mais gradativo. Papalia e Olds (2000) salientam que, em alguns casos, os
homens podem sentir uma diminuição na capacidade de atingir e de manter a
ereção. Outro aspecto relacionado ao climatério masculino é que “cerca de
5% dos homens de meia idade sentem depressão, fadiga, menor impulso sexual, disfunções
eréteis ocasionais e queixas físicas vagamente definidas” (PAPALIA e OLDS,
2000, P. 435). As mulheres queixam-se dos “calorões”, das irritações frequentes
e da diminuição da libido. Os autores salientam, contudo, que não está claro se
estas condições estão relacionadas somente às alterações hormonais. O fato
é que o climatério gera angústias tanto nos homens quanto nas mulheres, embora
as mulheres relatem com mais facilidade os incômodos sentidos.
Nesta fase
as relações familiares ocorrem em ambas as direções: adultos na meia idade
estão tão implicados com os filhos quanto com os seus pais se ainda estiverem
vivos, o que pode gerar uma sobrecarga emocional. Devido a esse fator,
alguns autores denominam essa fase de geração sanduíche, afirmando que o fato
de estar entre duas gerações familiares tendo que fazer a mediação entre estas
pode ocasionar a sensação de sentir-se esmagado. É o exemplo de pessoas
dessa idade que ainda estão envolvidas com o desenvolvimento dos filhos
adolescentes ou jovens adultos e ao mesmo tempo, com responsabilidades no
cuidado dos pais já idosos. Em alguns casos ainda, o adulto da meia idade pode
ocupar-se da educação dos netos, o que pode ser muito satisfatório, mas também
muito desgastante.
Outros
acontecimentos que podem acarretar um desequilíbrio emocional na meia idade são
as separações conjugais e o desemprego. Bee (1997, p. 501) citando estudos
anteriores, afirma que “adultos recentemente separados ou divorciados
sofrem mais acidentes automobilísticos, estão mais propensos a suicidar-se,
perdem maior número de dias no trabalho devido à doenças e estão mais
inclinados a deprimir-se”. Como consequência das separações conjugais
têm-se os conflitos referentes à guarda dos filhos, visitas, divisão de bens,
entre outros fatores que podem ocasionar o adoecimento psíquico dos envolvidos.
Os novos casamentos e as diversas configurações familiares decorrentes destes
também passam por momentos de turbulência.
O desemprego
traz efeitos semelhantes ao divórcio. Os desempregados evidenciam maiores
níveis de ansiedade e de depressão (BEE, 1997). É importante destacar que o
desemprego está presente em todas as fases do adulto, sendo este o fator
causador de maior estresse com relação ao trabalho. De acordo com Papalia e
Olds (2000), o sofrimento não está relacionado apenas à perda do rendimento
financeiro, mas também à queda na autoestima e às possíveis dificuldades no
relacionamento familiar.
Por fim,
Colarusso (In Osório, 2001, p. 160) afirma que a meia idade é um momento
de avaliação. Segundo ele:
“A transição [na meia idade] consiste numa avaliação intrapsíquica
de todos os aspectos da vida, precipitada pelo reconhecimento crescente de que
ela é finita. Essa transição passa pela reavaliação de diversos aspectos da
vida, pela necessidade de tomar decisões para a manutenção de estruturas como o
casamento, a família, as amizades e a carreira, que foram construídas ao longo
dos anos.”
Dessa
avaliação podem surgir sentimentos de satisfação ou de insatisfação. Quando
o que conseguiu atingir não corresponde ao que almejava, o adulto da meia idade
pode sentir-se frustrado e ressentido, podendo desenvolver doenças mentais e
alterações do humor e da motivação. É a chamada “crise da meia idade”. Contar
com uma rede de apoio familiar ou de amizades ajuda a superar as dificuldades
de forma mais saudável e com menores danos psíquicos, propiciando o
amadurecimento necessário para a fase seguinte. Lembrando que o auxílio de um
profissional deve ser buscado sempre que ao realizar essa avaliação a pessoa encontre
mais fatores insatisfatórios do que satisfatórios ou quando os conflitos forem
por demais estressantes ao ponto de serem traumáticos. FONTE:
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