segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

"CHICO ANTÔNIO": IN MEMORIAM

-REGATE HISTÓRICO DE TARAUACÁ-

-FRANCISCO ANTÔNIO BANDEIRA NERI GALVÃO-

“CHICO ANTÔNIO” (03/10/1958 – 07/01/1992)

Maria (esposa) Meire, Marcos, Davi, Abraão, Nataniel e Nataniele


HISTÓRICO: Francisco Antonio Bandeira Neri Galvão “Chico Antônio”: Nasceu em Eirunepé – AM, em 03 de Outubro de 1958. Em busca de melhores condições de vida, mudou para Tarauacá aos 17 anos. Em 1979 casou- se, construindo uma família. Foi contratado pelo Seringal 5 Estrelas, onde passou dois (02) anos trabalhando. “Meu pai foi um homem que nunca nos deixou faltar nada e trabalhava forte para nosso sustento”. Afirma Meire Galvão (filha). Bastante popular no Bairro Senador Pompeu (Praia), “Chico Antônio” vivia feliz e rodeado da família que moravam, quase todos, no mesmo bairro. Fez muitos amigos através da prática do esporte que mais gostava: O futebol.  Descendente de uma família simples, “Chico Antônio precisava sustentar sua família, tornando-se pescador. O que mais tarde, com a esperança de tirar o sustento da família, lhe tiraria a vida. “Chico Antônio morreu jovem, aos 33 anos. Precisamente, em 02 de Janeiro de 1992, o “Bairro da Praia” recebia a notícia que falecera um de seu mais ilustre habitante. Em acidente numa pescaria, morrera afogado, tendo como testemunha apenas seu irmão Zezinho, companheiro de suas pescarias. A cidade ficou desolada, todos queriam saber o acontecido e ajudar de alguma forma àquela família.

AS PAIXÕES DE CHICO ANTÔNIO: Além de sua principal paixão que era desenvolver o ofício de pescador, “Chico Antônio”, também era bastante conhecido por apresentar à todos suas maiores paixões que era ser torcedor do Clube de Regatas Vasco da Gama e do campeão de Formula 1 Ayrton Sena da Silva. Tendo como seu ídolo maior Deus no coração. Foi evangélico praticante. Tendo como profissão padeiro e depois mecânico e pescador. Ser pescador foi, sem dúvida, a maior paixão desse ilustre tarauacaense. 

“Via em seus olhos, a alegria quando chegava com o isopor ‘cheinho’ de peixes. Naquela época ainda havia muitos peixes no Rio Tarauacá. Não precisava nem ir muito longe para vender seu pescado, pois sua casa ficava bem em frente ao mercado do peixe, hoje é a fábrica de gelo. Mais anteriormente a Escola Omar Sabino de Paula no Bairro da Praia”. Afirma um de seus amigos da época.

FUNDAÇÃO DA COLÔNIA DE PESCADORES: Com a crescente quantidade de pescadores, “Chico Antônio” pensou em fundar a Colônia de Pescadores do Bairro da Praia. Os pescadores precisavam se sindicalizar e em 1985 começou sua luta pelo sindicato dos pescadores, onde em 1987 conseguiu fundar o sindicato com apoio dos amigos e pescadores da região de Tarauacá. Tendo Enock Gomes Coelho e Getúlio Martins como ilustres pescadores daquela colônia.

FAMÍLIA: “Chico Antônio”, foi uma figura ímpar, teve sua herança materna de Francisca Bandeira Neri Galvão (antiga funcionária pública), trabalhando muitos anos na antiga escola Omar Sabino de Paula, e posteriormente na Escola Rosaura Mourão da Rocha, tendo como vizinha e amiga a saudosa Francisca Rodrigues Lopes (Dona Panca) e herança paterna o senhor Gastor Alves do Bonfim. “Muitas vezes fui advertido por aquela senhora inspetora de alunos, sempre carinhosa e querida por todos”. Afirma um dos alunos que estudara na escola.

IRMÃOS: “Chico Antônio teve herança fraterna em 06 irmãos 06: Terezinha, Ludgério Bonfim (Pai de Ludnéa, Luciana, Luciano, Ludney),  Vilson, José Bandeira (Zezinho seria o mais respeitado marceneiro de cama de Tarauacá atualmente), José Vânio (professor e funcionário da escola Valdina Torquato), e Carlos (Carlinho).

ESPOSA/FILHOS: “Chico Antônio” fora casado com Maria de Nazaré da Silva Galvão, exemplar dona de casa e que dava ensinamentos valorosos a todos para que fossem respeitadores, educados e tementes à Deus. Quase todos os seus filhos receberam nomes bíblicos, pois era fiel e evangélico: Meire, Marcos, Davi, Abraão, Nataniel e Nataniele. Hoje todos residentes na capital do Acre Rio Branco, tendo profissões bem definidas.

AMIZADES: “Vó Eliza Martins (Geraldo/ In Memoriam/ pai de Gecilda) eram os vizinhos que deram o apoio suficiente para término da criação daquelas crianças que haviam perdido o pai. Dando o carinho, alimento e amor necessário para que toda família passasse por aquele trauma da perda do pai “Chico Antônio”. A “Vó preta” (carinhosamente conhecida e amada por todos do Bairro da Praia), era quem todos os dias dava a bênção e um pouco de ‘cualhada’ (leite fermentado) para alimentação de todos da família.  Antônio Gomes de Souza (“Antonio Tabaco”/Pai de Luís Meleiro, Verônica Meleiros e Amélia Meleiros), era um dos principais amigo da família de “Chico Antônio”, tendo ainda Francisco Batista dos Santos “Cassimiro” um amigo próximo que trabalhava no mercado do peixe. (Meu pai).

HISTÓRIA: Conta Meire Galvão (filha de “Chico Antônio”) que seu pai estava indo á igreja e achou um relógio caríssimo quase em frente de casa. Durante muito tempo procurou o dono do relógio perdido, não obtendo sucesso. Honesto e trabalhador, dizia que guardaria o relógio até que encontrasse seu dono para devolver. Nunca aparecendo o dono do tal relógio.

MORTE: Com a morte de “Chico Antônio” toda família ficou dependente dos amigos próximos para ajudar no sustento de todos. Tendo Sebastião Gonzaga (Meu padrinho) que Dara o pão e leite todos os dias. “Vó Eliza não deixava faltar a farinha, arroz e feijão para saciar a fome daquela família que perdera o pai. A Vó Francisca completara a falta de outros alimentos necessários. Não esquecendo do famoso “Chiquinho Caboclo” que durante muitos anos ajudou na criação daquelas crianças. Fazendo comida, dando banho e educando os pequenos órfão de pai. Foi o alicerce da família por décadas. “...E o seu “Chiquinho” foi um grande parceiro dele nas festas do “Bumba Meu Boi” que o meu pai fazia com minha Vó todos os anos no Bairro da Praia”. Conta Meire Galvão filha de Chico Antônio”.

SUA MORTE: No início do ano, mas precisamente no dia 07 de Janeiro de 1992, “Chico Antônio” dissera à sua esposa Maria que iria buscar uma madeira que tinha encomendado para fazer outra casa, pois a madeira que lhes dava um teto na casa, havia se estragado. Pensava ele em construir uma nova casa para a família.

Com o sexto sentido que somente as mulheres têm, dissera Maria para ele pegar somente a madeira e não pescar, pois o rio Tarauacá estava muito cheio e era perigoso. Em vão. Naquela época o rio estava enchendo rápido e os remansos eram evidentes e perigosos. “Zezinho Gaston” (irmão/parceiro) iria lhe ajudar na busca da madeira. “Chico Antônio dissera ao seu irmão: - Vamos dá somente um lance (jogar a tarrafa e soltar a ‘malhadeira’) e vamos pra casa!!!. “Zezinho não gostou muito da idéia, mas aceitou a vontade do irmão. “Chico Antônio” tinha o costume de amarrar a tarrafa num dos braços e a ‘malhadeira’ no outro braço. Experiente como fora, não imaginava uma tragédia acontecer com ele pela experiência que tinha na vida de pescador.

Tudo se passou no remanso do Corcovado conhecido por “Boca do Fogoso”, onde jogou sua boa e velha tarrafa com objetivo de buscar e garantir o sustento da família.  Como o rio Tarauacá (rios dos paus e das tronqueiras) baixava muitas árvores, a tarrafa ficou ‘enganchada’ num tronco de árvore em baixo d'agua. Não pensando duas vezes para tirá-la.
Conta Meire Galvão (filha de Chico Antônio): “Ai ele falou pra meu tio Zezinho que ira tirar a tarrafa e mergulhou antes que meu tio o avisasse da ‘malhadeira’ que havia no outro braço. Ele pulou com tudo dentro d'água. Meu tio se apavorou e como era num remanso a canoa alagou-se com motor e tudo. Tio “Zezinho” começou a procurar por ele e nada... Aí que o pessoal do Corcovado ouviram o pedido de socorro e rapidamente a noticia chegou no mercado. Foi guando “seu Rames Eleamem” (pai de Ralid Eleamem), mandou 2 ou foi 3 batelões com homens dentro pra ajudar achá-lo sendo foi tarde demais. Havia perdido meu pai, nosso pai. “Ficamos apavorados. Não sabíamos o que seria de nossas vidas sem o nosso pai. Éramos pequenos demais, mas já pensávamos que o futuro era incerto. Dias ruins, havíamos de enfrentar pela frente em nossas vidas”. Comenta Meire Galvão.
HOMENAGEM: Recentemente, foi inaugurado em Tarauacá, o Mercado do Peixe, recebendo o nome ‘In Memoriam’ “Chico Antônio”. “Este é um momento feliz e histórico. Fico feliz pela homenagem ao meu esposo “Chico Antônio” que era pescador e amava sua profissão”. Falou Maria de Nazaré (esposa de Chico Antônio).

“Meu pai foi um homem trabalhador, justo, honesto e temente a Deus, Era meu herói, meu tudo, meu porto seguro. Sabia que ele sempre estava ali pra segurar minha mão e falar que tudo ficaria bem. Muitas vezes, repartia com os vizinhos tudo que pescava, e acabava se esquecendo de ficar com alguma coisa”. (Meire Galvão/Filha).

Por: Copyright© 2016 @Kbym - Flávio Pereira dos Santos

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