-REGATE
HISTÓRICO DE TARAUACÁ-
-FRANCISCO ANTÔNIO BANDEIRA NERI GALVÃO-
“CHICO ANTÔNIO” (03/10/1958 – 07/01/1992)
Maria (esposa) Meire,
Marcos, Davi, Abraão, Nataniel e Nataniele
HISTÓRICO: Francisco Antonio Bandeira Neri Galvão “Chico Antônio”: Nasceu em Eirunepé – AM, em 03 de Outubro de 1958. Em
busca de melhores condições de vida, mudou para Tarauacá aos 17 anos. Em 1979
casou- se, construindo uma família. Foi contratado pelo Seringal 5 Estrelas,
onde passou dois (02) anos trabalhando.
“Meu pai foi um homem que nunca nos deixou faltar nada e trabalhava forte para nosso
sustento”. Afirma Meire Galvão (filha). Bastante popular no Bairro Senador
Pompeu (Praia), “Chico Antônio” vivia feliz e rodeado da família que moravam,
quase todos, no mesmo bairro. Fez muitos amigos através da prática do esporte
que mais gostava: O futebol. Descendente
de uma família simples, “Chico Antônio precisava sustentar sua família, tornando-se
pescador. O que mais tarde, com a esperança de tirar o sustento da família, lhe
tiraria a vida. “Chico Antônio morreu jovem, aos 33 anos. Precisamente, em 02
de Janeiro de 1992, o “Bairro da Praia” recebia a notícia que falecera um de
seu mais ilustre habitante. Em acidente numa pescaria, morrera afogado, tendo
como testemunha apenas seu irmão Zezinho, companheiro de suas pescarias. A
cidade ficou desolada, todos queriam saber o acontecido e ajudar de alguma
forma àquela família.
AS PAIXÕES DE CHICO ANTÔNIO: Além de sua
principal paixão que era desenvolver o ofício de pescador, “Chico Antônio”,
também era bastante conhecido por apresentar à todos suas maiores paixões que era
ser torcedor do Clube de Regatas Vasco da Gama e do campeão de Formula 1 Ayrton
Sena da Silva. Tendo como seu ídolo maior Deus no coração. Foi evangélico
praticante. Tendo como profissão padeiro e depois mecânico e pescador. Ser
pescador foi, sem dúvida, a maior paixão desse ilustre tarauacaense.
“Via em seus olhos, a alegria quando
chegava com o isopor ‘cheinho’ de peixes. Naquela época ainda havia muitos
peixes no Rio Tarauacá. Não precisava nem ir muito longe para vender seu
pescado, pois sua casa ficava bem em frente ao mercado do peixe, hoje é a
fábrica de gelo. Mais anteriormente a Escola Omar Sabino de Paula no Bairro da
Praia”. Afirma um de seus amigos da época.
FUNDAÇÃO DA COLÔNIA DE PESCADORES: Com a crescente
quantidade de pescadores, “Chico Antônio” pensou em fundar a Colônia de
Pescadores do Bairro da Praia. Os pescadores precisavam se sindicalizar e em
1985 começou sua luta pelo sindicato dos pescadores, onde em 1987 conseguiu
fundar o sindicato com apoio dos amigos e pescadores da região de Tarauacá.
Tendo Enock Gomes Coelho e Getúlio Martins como ilustres pescadores daquela
colônia.
FAMÍLIA: “Chico Antônio”, foi uma figura ímpar, teve sua herança
materna de Francisca Bandeira Neri Galvão (antiga funcionária pública),
trabalhando muitos anos na antiga escola Omar Sabino de Paula, e posteriormente
na Escola Rosaura Mourão da Rocha, tendo como vizinha e amiga a saudosa
Francisca Rodrigues Lopes (Dona Panca) e herança paterna o senhor Gastor Alves
do Bonfim. “Muitas vezes fui advertido
por aquela senhora inspetora de alunos, sempre carinhosa e querida por todos”.
Afirma um dos alunos que estudara na escola.
IRMÃOS: “Chico Antônio teve herança fraterna em 06 irmãos
06: Terezinha, Ludgério Bonfim (Pai de Ludnéa, Luciana, Luciano, Ludney), Vilson, José Bandeira (Zezinho seria o mais
respeitado marceneiro de cama de Tarauacá atualmente), José Vânio (professor e
funcionário da escola Valdina Torquato), e Carlos (Carlinho).
ESPOSA/FILHOS: “Chico Antônio” fora casado com Maria de Nazaré da
Silva Galvão, exemplar dona de casa e que dava ensinamentos valorosos a todos
para que fossem respeitadores, educados e tementes à Deus. Quase todos os seus
filhos receberam nomes bíblicos, pois era fiel e evangélico: Meire, Marcos,
Davi, Abraão, Nataniel e Nataniele. Hoje todos residentes na capital do Acre
Rio Branco, tendo profissões bem definidas.
AMIZADES: “Vó Eliza Martins
(Geraldo/ In Memoriam/ pai de Gecilda) eram os vizinhos que
deram o apoio suficiente para término da criação daquelas crianças que haviam
perdido o pai. Dando o carinho, alimento e amor necessário para que toda
família passasse por aquele trauma da perda do pai “Chico Antônio”. A “Vó preta”
(carinhosamente conhecida e amada por todos do Bairro da Praia), era quem todos
os dias dava a bênção e um pouco de ‘cualhada’ (leite fermentado) para
alimentação de todos da família. Antônio
Gomes de Souza (“Antonio Tabaco”/Pai de Luís Meleiro, Verônica Meleiros e
Amélia Meleiros), era um dos principais amigo da família de “Chico Antônio”,
tendo ainda Francisco Batista dos Santos “Cassimiro” um amigo próximo que
trabalhava no mercado do peixe. (Meu pai).
HISTÓRIA: Conta Meire
Galvão (filha de “Chico Antônio”) que seu pai estava indo
á igreja e achou um relógio caríssimo quase em frente de casa. Durante muito
tempo procurou o dono do relógio perdido, não obtendo sucesso. Honesto e
trabalhador, dizia que guardaria o relógio até que encontrasse seu dono para
devolver. Nunca aparecendo o dono do tal relógio.
MORTE: Com a morte de “Chico Antônio” toda família ficou
dependente dos amigos próximos para ajudar no sustento de todos. Tendo
Sebastião Gonzaga (Meu padrinho) que Dara o pão e leite todos os dias. “Vó
Eliza não deixava faltar a farinha, arroz e feijão para saciar a fome daquela
família que perdera o pai. A Vó Francisca completara a falta de outros
alimentos necessários. Não esquecendo do famoso “Chiquinho Caboclo” que durante
muitos anos ajudou na criação daquelas crianças. Fazendo comida, dando banho e
educando os pequenos órfão de pai. Foi o alicerce da família por décadas. “...E o seu “Chiquinho” foi um grande
parceiro dele nas festas do “Bumba Meu Boi” que o meu pai fazia com minha Vó
todos os anos no Bairro da Praia”. Conta Meire Galvão filha de Chico Antônio”.
SUA MORTE: No início
do ano, mas precisamente no dia 07 de Janeiro de 1992, “Chico
Antônio” dissera à sua esposa Maria que iria buscar uma madeira que tinha
encomendado para fazer outra casa, pois a madeira que lhes dava um teto na
casa, havia se estragado. Pensava ele em construir uma nova casa para a
família.
Com o sexto sentido que somente as mulheres
têm, dissera Maria para ele pegar somente a madeira e não pescar, pois o rio
Tarauacá estava muito cheio e era perigoso. Em vão. Naquela época o rio estava enchendo rápido e os remansos eram evidentes
e perigosos. “Zezinho Gaston” (irmão/parceiro) iria lhe ajudar na busca da
madeira. “Chico Antônio dissera ao seu irmão: - Vamos dá somente um lance
(jogar a tarrafa e soltar a ‘malhadeira’) e vamos pra casa!!!. “Zezinho não
gostou muito da idéia, mas aceitou a vontade do irmão. “Chico Antônio” tinha o
costume de amarrar a tarrafa num dos braços e a ‘malhadeira’ no outro braço.
Experiente como fora, não imaginava uma tragédia acontecer com ele pela experiência
que tinha na vida de pescador.
Tudo se passou no remanso do Corcovado conhecido
por “Boca do Fogoso”, onde jogou sua boa e velha tarrafa com objetivo de buscar
e garantir o sustento da família. Como o
rio Tarauacá (rios dos paus e das tronqueiras) baixava muitas árvores, a
tarrafa ficou ‘enganchada’ num tronco de árvore em baixo d'agua. Não pensando
duas vezes para tirá-la.
Conta Meire Galvão (filha de Chico Antônio): “Ai
ele falou pra meu tio Zezinho que ira tirar a tarrafa e mergulhou antes que meu
tio o avisasse da ‘malhadeira’ que havia no outro braço. Ele pulou com tudo
dentro d'água. Meu tio se apavorou e como era num remanso a canoa alagou-se com
motor e tudo. Tio “Zezinho” começou a procurar por ele e nada... Aí que o
pessoal do Corcovado ouviram o pedido de socorro e rapidamente a noticia chegou
no mercado. Foi guando “seu Rames Eleamem”
(pai de Ralid Eleamem), mandou 2 ou foi 3 batelões com homens dentro pra ajudar
achá-lo sendo foi tarde demais. Havia perdido meu pai, nosso pai. “Ficamos apavorados. Não sabíamos o que
seria de nossas vidas sem o nosso pai. Éramos pequenos demais, mas já
pensávamos que o futuro era incerto. Dias ruins, havíamos de enfrentar pela
frente em nossas vidas”. Comenta Meire Galvão.
HOMENAGEM: Recentemente, foi inaugurado em Tarauacá, o Mercado do Peixe,
recebendo o nome ‘In Memoriam’ “Chico Antônio”. “Este é um momento feliz e histórico. Fico feliz pela homenagem ao
meu esposo “Chico Antônio” que era pescador e amava sua profissão”. Falou Maria
de Nazaré (esposa de Chico Antônio).
“Meu pai foi um homem trabalhador, justo, honesto
e temente a Deus, Era meu herói, meu tudo, meu porto seguro. Sabia que ele
sempre estava ali pra segurar minha mão e falar que tudo ficaria bem. Muitas
vezes, repartia com os vizinhos tudo que pescava, e acabava se esquecendo de
ficar com alguma coisa”. (Meire
Galvão/Filha).
Por: Copyright© 2016 @Kbym - Flávio Pereira dos Santos
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