JUVENTUDE, VIOLÊNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
A
categoria Juventude, considerada como um período de vida entre 15 e
24 anos, é uma invenção da sociedade moderna industrial. Até os anos 50, em
face da idéia funcional contida no projeto de civilização ocidental, “ser
jovem” era viver um interstício entre o mundo da criança, sem
responsabilidades, e o mundo adulto, voltado às responsabilidades do trabalho,
da família e das exigências da sociedade. Aqui, a instituição escolar, nas
perspectivas de classes adotadas nessa realidade, caracterizou-se como sendo o
local institucional específico para auxiliar o jovem na passagem da vida
“pré-adulta” à adulta, sem desconsiderar o papel da família.
Hobsbawm
(1995, p. 317), ao falar da revolução cultural da metade do século XX, mostra
como a juventude (período que se estende da puberdade até a metade da casa dos
vinte) se transforma em um grupo com "consciência própria e se torna um
agente social independente". Para o autor, a base dessa "consciência
começa no conflito de geração e de sexo, no seio da família". No caso,
Hobsbawm está apontando um aspecto positivo atribuído à juventude das décadas
de 60-70. Na época, os jovens tiveram importante papel diante da radicalização
política, em face da guerra fria.
Em
Morin (1986), apreende-se que o movimento de juventude vai além da política,
uma vez que se inscreve também na cultura. Há, no mundo, o desencadeamento da
internacionalização de um aspecto da cultura que inclui os jovens, difundida
por intermédio dos símbolos emitidos pela música, cinema, moda. O autor
denominou-a “cultura de massa”. Nesse movimento de consolidação da cultura de
massa, vê-se reforçada a idéia da condição do “ser jovem”.
Para
Pierre Bourdieu (1983: 112), restringir o movimento de juventude para uma
condição, uma preparação ao mundo do trabalho, significa reproduzir hierarquias
em que “cada um deve se manter em seu lugar”. Para ele, essa caracterização dá
à juventude a condição de ser apenas uma palavra. Bourdieu tem razão, em
parte, uma vez que esse interstício limitava-se aos jovens favorecidos, o que
implicaria uma redução do que se denominou “cultura juvenil”, valorada com base
em comportamentos, atitudes, estilos, modos histórica e socialmente em
composição que, de uma forma ou de outra, contrapõem-se aos padrões (ou
padronizações) esperados (as).
Hobsbawm
(1995: 320) entende que a dimensão da idéia de juventude não é nova; o que é
novo e importante ressaltar no período é que seu modus operandi mudara.
Eis aqui a novidade. A juventude dessa época tinha uma predisposição de buscar
o prazer com o corpo, numa afronta às regras, à ordem e aos valores do
capitalismo (vide os movimentos de contracultura). Já no fim do século XX,
segundo Hobsbawm (idem: 328), a revolução cultural representa o “[...] triunfo
do indivíduo sobre a sociedade, ou melhor, o rompimento dos fios que antes
ligavam os seres humanos em texturas sociais”.
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