BOM ARTIGO ACERCA DA MEDICINA EM CUBA
Um dos principais argumentos da reação irada de
entidades médicas brasileiras contra a vinda de médicos cubanos para o país
consiste em questionar a qualidade e a competência dos profissionais cubanos. O
presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D’Ávila, chegou a dizer que
“os cubanos poderão causar um genocídio” no Brasil. Os primeiros 400 médicos
cubanos chegam ao Brasil neste fim de semana, em um convênio com a Organização Panamericana de
Saúde (Opas). Uma das maneiras de aferir essa qualidade é levar em
conta a realidade da saúde e da medicina em Cuba. Eis aqui dez
indicadores e informações sobre a saúde cubana para a população brasileira
avaliar (os dados são do governo cubano e da Organização Mundial da Saúde):
(1) Em Cuba, há 25 faculdades de medicina
(todas públicas), e uma Escola Latino-Americana de Medicina, na qual estudam
estrangeiros de 113 países, inclusive do Brasil . (Estudaram em Cuba e lá se
formaram, entre outros, dois filhos de Paulo de Argollo Mendes, presidente há
15 anos do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul e critico ferrenho do programa
Mais Médicos).
(2) Em 2012, Cuba formou 11 mil novos
médicos. Deste total, 5.315 são cubanos e 5.694 vêm de 59 países principalmente
da América Latina, África e Ásia. Desde a Revolução Cubana em 1959, foram
formados cerca de 109 mil médicos no país. O país tem 161 hospitais e 452
clínicas para pouco mais de 11, 2 milhões de habitantes.
(3) A duração do curso de medicina em
Cuba, como no Brasil, é seis anos em período integral. Depois, há um período de
especialização que varia entre três e quatro anos. Pelas regras do sistema
educacional cubano, só entram no curso de medicina os alunos que obtêm as notas
mais altas ao longo do ensino secundário e em um concurso seletivo especial.
(4) Estudantes de medicina cubanos passam
o sexto ano do curso em um período de internato, conhecendo as principais áreas
de um hospital geral. A sua formação geral é voltada para a área da saúde da
família, com conhecimento em pediatria, pequenas cirurgias, ginecologia e
obstetrícia.
(5) Em Cuba há hoje 6,4 médicos para mil
habitantes. No Brasil, esse índice é de 1,8 médico para mil habitantes. Na
Argentina, a proporção é 3,2 médicos para mil habitantes. Em países como
Espanha e Portugal, essa relação é de 4 médicos para cada mil habitantes.
(6) A taxa de mortalidade em Cuba é de
4,6 para mil crianças nascidas, e a expectativa de vida é de 77,9 anos (dados
de janeiro de 2013). No Brasil, a taxa de mortalidade é de 15,6% para mil bebês
nascidos (IBGE/2010).
(7) Em 1998, depois que o furacão Mitch
atingiu a América Central e o Caribe, Fidel Castro decidiu criar a Escola
Latino-Americana de Medicina de Havana (Elam) com o objetivo de
formar em Cuba médicos para trabalhar em países chamados subdesenvolvidos. A
Organização Mundial da Saúde definiu assim o trabalho da Elam: “A Escola
Latino-Americana de Medicina acolhe jovens entusiasmados dos países em
desenvolvimento, que retornam para casa como médicos formados. É uma questão de
promover a equidade sanitária. A Elam assumiu a premissa da
“responsabilidade social”.
(8) Em 20 anos, médicos cubanos atenderam
a mais de 25 mil afetados pela explosão em Chernobyl, incluindo muitas crianças
órfãs. Desde o início do programa, em 1990, foram atendidos mais de 25.400
pacientes, a maioria deles crianças. 70% dos menores que receberam tratamento
na localidade cubana de Tarará perderam seus pais e chegaram a Cuba com
enfermidades oncológicas e hematológicas provocadas pela exposição à radiação.
O jornalista Marco Weissheimer, do Portal Sul21, apresenta 10
argumentos que credenciam os médicos cubanos a trabalharem em comunidades
pobres brasileiras que sofrem com a falta de acesso a saúde.
Por Marco Weissheimer, do Sul21
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