quarta-feira, 17 de agosto de 2011

APRENDENDO A FALAR CORRETAMENTE;

DIFICULDADE DE FALAR CORRETAMENTE



Sete em cada 100 crianças saudáveis têm algum grau de dificuldade para aprender corretamente a língua materna, o que dificulta a alfabetização.

No início de tido parecia ocorrer bem como o desenvolvimento de Júlia. Aos 12 meses, ela falou as primeiras palavras. E ficou nisso. Aos 2 anos e 8 meses, balbuciava apenas “au-au”,”mama”, “aqui”, “não” e “oi”. Nessa fase, outras crianças já dominavam algumas dezenas de expressões, substantivos e verbos. Enquanto os amiguinhos de classe de Júlia  combinavam muito bem as palavras e até frases, ela se expressava com um único vocábulo. Dizia simplesmente “au-au” quando seus coleginhas já formulavam: “Vamos brincar com o cachorro?”.

Ao contrario de Júlia, a maioria das crianças aprende a língua materna sem muito esforço. As origens de sua dificuldade ainda são um mistério, já que ela se mostrava uma criança esperta, sociável, de inteligência normal, saudável, sem problemas locomotores e nem de audição. Os pais se perguntavam, apreensivos, se a garotinha tinha desenvolvimento normal.

Sete por cento das crianças da mesma idade tem problemas parecidos: Sofrem de dificuldade específica na aquisição da linguagem. Pesquisadores como o psicólogo Laurence B. Leonard, da universidade Purdue, Indiana, Estados Unidos, usam essa denominação quando o déficit  se apresenta como problema central e único-diferente, por exemplo, do que ocorre com crianças autistas, cujas dificuldades lingüísticas estão entre as várias conseqüências do distúrbio.

Algumas crianças precisam de ajuda profissional logo após os 3 anos para superar o atraso de linguagem.

Os pediatras chegam a conclusão da deficiência por exclusão, isto é, eliminam todas as outras causas potenciais, como lesões provocadas por traumatismo cranianos ou epilepsias; retardo mental, comportamento ou má formação do aparelho da fala (como lábio leporino); dificuldades de audição (desencadeadas, por exemplo, por inflamações no ouvido médio) e perturbações emocionais ou sociais graves (como autismo). Dificuldades de linguagem freqüentemente estão associadas a estas ocorrências.

Para muitos pesquisadores, porém, esses critérios de exclusão eram insuficientes para o diagnostico, e eles se esforçam em definir positivamente o distúrbio, descrevendo suas características. Especialistas consideram os eventuais atrasos no início ou no processo de desenvolvimento da linguagem e o conhecimento limitado da língua (no que se refere à pronúncia, ao vocábulo, ou à gramática) – o qual influi na compreensão e na pronúncia.

O desenvolvimento de Júlia foi marcado pelo adiamento do início da fala. Assim como outras crianças com o mesmo problema, aos 2 anos ela tinha um vocabulário com menos de 50 palavras e era incapaz de fazer combinações entre elas. Cerca de 40% dessas crianças se recuperam até o terceiro ano de vida e esse desenvolvem normalmente – são apenas mais lentas no processo de aquisição da linguagem. Outras,  porém, não conseguem fazer essa concessão após os três anos, e se sua capacidade de falar não for estimulada a tempo por uma terapia eficaz, os problemas poderão se consolidar ao longo da fase pré-escolar .

“Vidros Para Ver”
Os pais de Catarina, 5 anos, observaram na filha dificuldades que revelavam problemas com  a gramática. A garotinha expressava-se com frases como: “Não quere ele descer”, “ele sai gramado fora” ou “então portão tranca”. Era especialmente difícil pra ela colocar os verbos no lugar certo, conjugava-os de forma equivocada ou não os flexionava, não usava artigos, atrapalhava-se com o plural, suprimia preposições com “em” (‘já estou escola”), suas frases soavam estranhas e nem sempre ficava claro o que ela queria dizer.

Os problemas de Estevão, 6 anos e meio, eram de outro tipo. Ele tinha dificuldade de encontrar as palavras que deseja usar. Já nos primeiros meses da pré-escola, as professoras já constatavam que ele não conhecia muitos vocábulos e conceitos-e não podia fazer com segurança o uso do saber adquirido. Disfarçava isso com pronuncia pouco clara ou simplesmente interrompia as frases. Quando tinha de descrever as imagens, tacava os substantivos que não encontrava por palavras semelhantes, de maneira bastante criativa, buscando “desvios” para formar as próprias palavras ou expressões. Usava por exemplo “boneco de ar” para falar de uma pipa.

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