terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dr. Janilson Lopes...

Saúde no Acre, é possível mudar?




A realidade histórica do processo de desenvolvimento social, cultural e político do  Brasil se encarregou de colocar o Acre numa posição de desvantagem. Com um desenvolvimento desde o litoral para o centro do país, tudo chegou depois. Algumas coisas ainda não chegaram e por ironia, até o ano novo no Acre é onde mais tarde chega.
E nossa saúde pública como está? Na última eleição uma das maiores queixas de nossa população foi a respeito da qualidade de nossa saúde.  Igual que em muitas partes de nosso país, o SUS apresenta aqui graves problemas, que fazem com que seus princípios doutrinários (universalidade, integralidade e  equidade) avancem timidamente.
Temos um sistema com foco hospitalocentrico e assistencialista ainda, A estratégia de saúde da família perdeu sua essência, que é a prevenção. Cobertura de PSF baixa, hospitais lotados, UPAS que não atendem a demanda é uma tradução disso. Dos grandes investimentos nas áreas de saúde nos últimos tempos, todos foram voltados para a assistência, UPAS, Prontos Socorros, Maternidades, entre outros.  Tudo necessário, mas passível de equilíbrio. As grandes mudanças nos indicadores e qualidade de saúde de uma população não se conquistam dentro de um hospital, mas sim na intervenção no ambiente familiar através do programas de saúde da família. O Acre é hoje dono de um dos piores indicadores de saúde de todo país, uma herança de muitos anos de descaso com a saúde dos acreanos, apesar dos avanços tímidos dos últimos anos.
Desafios dos próximos governos Acreanos.
Mudar indicadores como:
  1. Mudar a maior mortalidade infantil do norte e uma das maiores do Brasil, 28 mortes para 1000 nascidos vivos.
  2. Diminuir uma das maiores mortalidade maternas do país.
  3. Aumentar uma das mais baixas coberturas de pré-natal (Menos de 50% das grávidas fazem seis consultas de pré natal durante gravidez) do Brasil
  4. Igualar a expectativa de vida ao nascer à média nacional (Acre= 69,09; Brasil 69,28).

Desafios como esses com uma realidade pouco animadora como:
  1. 43,73% da população vivendo  com meio salário mínimo mensal.
  2. 13,97% da população maior de quinze anos é  analfabeta
  3. Com uma rede de abastecimento de água que cobre  apenas 55,36% do Estado.
  4. Com uma cobertura da rede de esgoto de 62%.
  5. Com o terceiro menor numero de médicos do país (575) sendo que 74% (427) estão na capital e destes, apenas 6,32 trabalham na saúde da família.
  6. O terceiro menor numero de dentista do país (388) ganhando apenas do Amapá e Roraima.
  7. O terceiro menor numero de enfermeiros do país (697) ganhando também do Amapá e Roraima.
  8. Um dos mais baixos numero de farmacêuticos do país (565)
  9. O segundo menor numero de técnico de enfermagem do país (1030)
  10. Uma estrutura universitária de formação de recursos humanos que tem seu foco mais voltado para assistência e menos pra promoção e prevenção.

Desafio maior não pode haver para os quatro próximos anos, quando a humanização da saúde é a palavra de ordem.

Dr. Janilson Lopes

Nenhum comentário: