terça-feira, 21 de março de 2023

HISTÓRIA: terça-feira, 29 de agosto de 1995

FORÇAS ARMADAS REALIZAM MANOBRAS NA AMAZÔNIA

-RUI NOGUEIRA-
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Imagem: Blog da Ana

As Forças Armadas programaram para a primeira semana de outubro a maior operação militar já realizada na Amazônia.

Mais de 6.000 homens do Exército, Marinha e Aeronáutica vão se movimentar em três frentes nos Estados do Acre e do Amazonas.

A operação Tarauacá -nome de um rio do Acre, afluente do Juruá, que deságua no Solimões- está sendo preparada desde o final do ano passado e faz parte do programa militar de defesa da Amazônia. Vai se estender por uma área de mais de 150 mil km2, nas calhas dos rios Negro, Solimões e Tarauacá. Será maior do que a realizada em 1993, a Surumu, que custou Cr$ 100 milhões.

Foram convocados para a operação os ``rambos" da infantaria de pára-quedistas e dos comandos de combate na selva, unidades do Exército que só participam de missões especiais.

Na greve dos petroleiros, em junho do ano passado, eles estiveram o tempo todo de prontidão à espera do chamado para invadir a refinaria de Cubatão, que tinha sido ocupada pelos trabalhadores.

Com o treinamento, os exercícios de tiro real e a ocupação ostensiva da Amazônia, as Forças Armadas querem testar a capacidade de mobilização para uma ``guerra irregular" e de coação contra o narcotráfico.

Os governos e os exércitos dos países que fazem fronteira com a região -Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia- foram avisados. Organismos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e governos (como o dos Estados Unidos) dizem ter indícios de que o Brasil está se tornando uma rota privilegiada dos cartéis colombianos da droga.

Os militares não aceitam ser transformados em polícia de combate ao narcotráfico, mas vão usar a operação Tarauacá para dar uma satisfação externa.

Para atender esse objetivo, o planejamento da Operação Tarauacá escolheu como ``teatro de guerra" as regiões da fronteira do Acre com o Peru e da ``Cabeça de Cachorro" -o noroeste do Amazonas, colado na Colômbia e na Venezuela, onde ocorrem conflitos constantes envolvendo narcotraficantes, garimpeiros e índios.

Está definido que a brigada de Boavista (RR) ocupará a calha do rio Negro. A brigada de Tefé (AM) vai ficar nas calhas dos rios Solimões, Japurá e Içá, e a brigada de Porto Velho (RO) ficará na região do rio Tarauacá (AC).

Outras quatro unidades das Forças Armadas estão convocadas para completar o contingente que vai participar do treinamento: a brigada de Marabá (PA), o 1º grupo de aviação do Exército, que fica sediado em Taubaté (SP), e os ``rambos" da brigada de Infantaria de Pára-quedistas (RJ) e do 1º batalhão de Forças Especiais (RJ).

O chefe do Comando Geral da Amazônia, general-de-exército Germano Arnoldi Pedrozo, ficará à frente de toda a operação, que deve começar no dia 2 de outubro e terminar no dia 10.

Texto: Novelas

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/8/29/brasil/18.html

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